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Domingo, 27 Outubro 2019 15:39

Trump confirma morte de principal líder do Estado Islâmico, em ação na Síria

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo (27) que o líder do grupo extremista Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al Bagdadi, morreu "como um cachorro" em uma operação de agentes especiais americanos durante a noite no noroeste da Síria.

Trump fez um pronunciamento televisionado ao país da Casa Branca, no qual informou que os agentes americanos mataram "um grande número" de militantes do EI durante a operação, que culminou no encurralamento de Bagdadi em um túnel, onde ele acionou um colete suicida.

"Ele acionou seu colete, se matando", disse Trump. "Ele morreu após correr para um túnel sem saída, soluçando, chorando e gritando por todo o caminho", declarou, acrescentando que três de seus filhos também morreram com a explosão.

O presidente americano disse que a operação, que demandou mais de uma hora de voo de helicóptero em várias direções vindo de uma base não revelada, foi possível graças à ajuda da Rússia, da Síria, da Turquia e do Iraque.

As forças especiais "executaram uma incursão noturna perigosa e ousada no noroeste da Síria e alcançaram sua missão em grande estilo".

No seu auge, o EI controlou vastos territórios no Iraque e na Síria, onde proclamou um califado marcado pela imposição brutal de uma versão puritana do Islã.

Além da opressão da população sob seu comando, o EI planejou ou inspirou ataques terroristas na Europa, usando técnicas de propaganda nas redes sociais para atrair um número amplo de voluntários estrangeiros.

Foram vários anos de guerra, nos quais o EI ficou famoso pelas execuções em massa e assassinatos de reféns, antes de o último território do califado na Síria ser retomado, em março.

A morte de Bagdadi é uma grande conquista para Trump, cuja decisão abrupta de retirar tropas da Síria despertou temor que o remanescentes do EI pudessem se reagrupar.

O mandatário recebeu uma salva de críticas, inclusive de seu próprio Partido Republicano.

- População em pânico -

De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que tem uma ampla rede de informantes no terreno, comandos americanos foram deixados de helicópteros na província de Idlib (noroeste sírio), em uma área onde estavam "grupos próximos ao EI".

A operação matou nove pessoas, incluindo um líder do EI chamado Abu Yamaan, além de uma criança e duas mulheres, segundo a ONG.

Um morador contactado pela AFP na zona de Barisha disse ter ouvido helicópteros e ataques de aviões poucos minutos depois da meia-noite.

"Os aviões voavam a uma altura muito baixa, provocando grande pânico entre as pessoas", relatou à AFP Ahmed al Hassaui, deslocado instalado em um dos acampamentos informais perto do Barisha. Segundo ele, "a operação durou pelo menos até as 3h30" de domingo.

"Tem uma casa destruída, barracas de campanha e um veículo civil danificado, com dois mortos dentro", contou à AFP Abdelhamid, outro morador da Barisha.

Na manhã deste domingo, combatentes do grupo Hayat Tahrir Al Sham (HTS), outrora o braço sírio da Al Qaeda, tomaram posições em torno de uma casa em ruínas, situada no meio de um olival em Barisha, perto da fronteira turca, onde a operação teria ocorrido nesta madrugada.

Alguns jornalistas, entre eles um correspondente da AFP, puderem se aproximar brevemente das ruínas desta casa, totalmente destruída.

- Trabalho conjunto de inteligência -

A Turquia, que tem praticado uma ofensiva contra as Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos EUA, no nordeste da Síria nas últimas semanas, tinha "conhecimento antecipado" sobre o ataque, disse uma autoridade turca.

"Até onde eu sei, Abu Bakr al Bagdadi chegou a esse local 48 horas antes do ataque", disse o oficial à AFP.

O comandante em chefe das FDS, que luta contra o EI na Síria, afirmou que a operação ocorreu após "trabalho conjunto de inteligência" com as forças americanas.

Trump também disse que o Iraque tinha sido "muito bom" durante o ataque.

Ele disse que nenhum soldado dos EUA foi ferido, apesar de "disparar muitos tiros" e "muitas explosões". A única vítima americana foi um cão militar no túnel com o líder do Estado Islâmico preso.

Perseguido pela coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o EI há muitos anos, Bagdadi já foi erroneamente relatado morto várias vezes.

- Aparição pública em 2014 -

Abu Bakr al Bagdadi não deu sinais de vida desde uma gravação de áudio divulgada em novembro de 2016, após o início da ofensiva iraquiana para retomar Mossul, na qual pediu para seus homens lutarem até se tornarem mártires.

Foi em Mossul a única aparição pública do líder do EI da qual se tem conhecimento, em julho de 2014, na mesquita Al Nuri.

Vestido de preto e com turbante, o extremista pediu para todos os muçulmanos lhe jurarem lealdade, após ser nomeado chefe do califado proclamado pelo EI nos extensos territórios que tinha conquistado no Iraque e na vizinha Síria.

Bagdadi, cujo verdadeiro nome é Ibrahim Awad al Badri, teria nascido em 1971 em uma família pobre da região de Bagdá. Apaixonado por futebol, fracassou em sua tentativa de ser advogado e militar, e começou a estudar teologia.

Durante a invasão americana do Iraque em 2003, criou um pequeno grupo jihadista sem muito impacto, antes de ser detido na gigantesca prisão de Bucca.

Liberado por falta de provas contra ele, se uniu a um grupo de guerrilha sunita vinculado à Al Qaeda, e liderou-o anos depois. Aproveitando o caos da guerra civil, seus combatentes se instalaram na Síria em 2013 e, de lá, lançaram uma ofensiva no Iraque.

O grupo, que mudou seu nome para Estado Islâmico, ocupou o lugar da Al Qaeda. Seus sucessos militares iniciais e a propaganda eficaz levaram milhares de pessoas a se alistarem em suas filas. O EI reivindicou diversos atentados violentos no mundo todo. AFP

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