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Quinta, 27 Junho 2019 11:43

Dezenas de nacionalistas presos na Etiópia na sequência de alegada tentativa de "golpe de Estado" regional

Dezenas de membros e simpatizantes de um partido étnico-nacionalista da região de Amara, na Etiópia, foram detidos acusados pelas autoridades etíopes de "tentativa de golpe de Estado" contra o governo dessa região, segundo o porta-voz do partido.

"Só em Adis Abeba foram presos 56 membros e simpatizantes do nosso partido, mas dezenas de outros foram presos na região de Oromo", a sul da região de Amara, de acordo com Christian Tadese, porta-voz do Movimento Nacional Amara (NaMa), citado pela agência France-Presse.

"Esta sequência de detenções dos nossos membros e simpatizantes do NaMa não visa apenas um partido, é um ataque contra uma identidade", a da etnia amara, acusou ainda o porta-voz.

Três altos responsáveis de Amara, entre os quais o governador da região, foram assassinados no passado sábado em Bahir Dar, a capital regional.

De acordo com o Governo etíope, esse ataque está relacionado com o assassínio, horas mais tarde, do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas etíopes, Seare Mekonnen, por um guarda-costas na capital, Adis Abeba, quando organizava a resposta aos incidentes em Bahir Dar.

Dois dias depois, na passada segunda-feira, um general, Asamnew Tsige, foi morto nos arredores de Bahir Dar, pelas forças de segurança etíopes, quando alegadamente tentava escapar à detenção, segundo a imprensa local.

Asamnew Tsige, tido como um próximo do NaMa, era acusado pelas autoridades locais e pelo próprio primeiro-ministro etíope, Abiy Ahamed, de ser o mentor da tentativa de golpe de Estado.

Logo após os primeiros incidentes, o gabinete do primeiro-ministro etíope, acusou em declarações à ETV "determinados grupos organizados", que não identificou, de uma tentativa fracassada de golpe de Estado contra o governo regional de Amara, anunciando a normalização da situação pelas forças federais em Bahir Dar.

Estes incidentes expressam uma crise político-étnica que afeta a Etiópia, e são considerados como uma ameaça à agenda reformadora DE Abiy Ahmed, em funções desde abril de 2018.

Abiy Ahamed tem tomado várias iniciativas para democratizar o país, legalizando grupos dissidentes e melhorando a liberdade de imprensa.

O próprio general Asamnew Tsige recebeu um perdão de Abiy Ahamed, que o libertou de uma pena de prisão perpétua, após nove anos detido por envolvimento na tentativa de golpe contra o Governo do ex-primeiro-ministro Meles Zenawi, em 2001, restituindo-lhe todos os direitos.

Após a libertação, Asaminew tornou-se cada vez mais ativo nos círculos políticos de Amara e havia sido recentemente nomeado pelo governo regional para conduzir a pasta dos assuntos relacionados com a paz e a segurança na região. Não é clara a razão pela qual Asaminew, tido como próximo da oposição ao governo regional e defensor do separatismo amara, foi nomeado para aquele cargo.

As políticas de abertura de Abiy Ahamed têm também permitido uma expressão mais livre das tensões intercomunitárias e nacionalismos étnicos.

O NaMa é um partido étnico-nacionalista relativamente recente e cada vez mais popular junto dos amara, a segunda maior etnia da Etiópia, ao ponto de concorrer com o Partido Democrático Amara (PDA), que representa aquela região no seio da coligação de poder em Adis Abeba.

Um funcionário da Procuradoria-Geral da Etiópia indicou hoje à AFP, sob anonimato, que três funcionários dessa instituição foram detidos, e um jornalista, Elias Gebru, fez saber que três colegas seus foram também detidos e fizeram parte de um grupo de seis pessoas que compareceram na quarta-feira perante um juiz para responderem à acusação de "tentativa de golpe de Estado".

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