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Segunda, 23 Março 2020 17:13

Angola perde 5,2 mil milhões de euros com petróleo barato e precisa de retificativo - Eaglestone

A consultora Eaglestone prevê que a descida do preço do petróleo vai originar uma quebra de 5,2 mil milhões de euros no orçamento de Angola, equivalente a 7,4% do PIB, levando a um orçamento retificativo.

“Os nossos cálculos mostram que as receitas poderão ficar 35% abaixo da meta prevista para este ano caso o preço médio do crude seja de 25 dólares, e não os 55 dólares por barril previstos no orçamento, o que representa uma quebra na receita de 5,6 mil milhões de dólares [5,2 mil milhões de euros], ou 7,4% do PIB previsto para este ano”, lê-se na nota de análise ao impacto da descida do preço do petróleo nas finanças de Angola.

Na análise, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, o economista-chefe da Eaglestone escreve que “os últimos dados mostram que o setor petrolífero representou mais de 96% das exportações do país, dois terços dos quais vão para a China, e 60% das receitas públicas no ano passado”, o que significa que, “caso se venha a prolongar, este nível de preços bastante mais reduzido poderá ter fortes repercussões nas receitas públicas e na economia angolana”.

Para Tiago Dionísio, “a atual conjuntura com preços do petróleo mais baixos deverá levar o Governo a apresentar um orçamento retificativo para 2020, onde possivelmente irá incluir uma forte redução (e/ou repriorização) da despesa pública”, podendo igualmente “acelerar os esforços de obter mais receitas do setor não petrolífero, anunciar novos financiamentos junto de instituições multilaterais e/ou emitir dívida nos mercados internacionais”.

De acordo com o documento, o cenário mais provável é um misto destas medidas “tendo em conta que um corte agressivo na despesa iria prejudicar a atividade económica, que já se encontra muito fragilizada, enquanto recorrer maioritariamente à emissão de dívida iria pôr mais pressão no já elevado nível de dívida pública, cerca de 100% do PIB”.

O aumento das taxas de juro exigidas pelos investidores, que subiram significativamente nas últimas semanas, deverá fazer o Governo “aguardar até que as condições nos mercados financeiros”, mas isto “coloca mais pressão nos países dependentes do petróleo como Angola”.

Assim, conclui, “os próximos passos das autoridades angolanas serão cruciais, nomeadamente em termos de dar um sinal forte ao mercado do seu compromisso de consolidação das finanças públicas, mesmo no atual contexto mais difícil, mas Angola também vai precisar de ajuda de instituições como o FMI, já que o risco de enfrentar problemas no pagamento da dívida é agora maior do que era anteriormente”.

Nas previsões desta consultora é assumida uma desvalorização de 30% do kwanza face aos níveis de 2019, para 540 kwanzas por dólar, e uma taxa de imposto de 35,6%.

“Se o preço médio do crude atingir os 25 dólares norte-americanos este ano, então as receitas totais ficariam 35,3% abaixo da estimativa atual incluída no orçamento; isto significa também que o défice orçamental atingiria os 6,0% do PIB este ano em vez da atual projeção de um superávite de 1,2% do PIB”, conclui o economista-chefe desta consultora.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 324 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 14.300 morreram.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 5.476 mortos em 59.138 casos. Segundo as autoridades italianas, 7.024 dos infetados já estão curados.

A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, onde a epidemia surgiu no final de dezembro, conta com um total de 81.054 casos, tendo sido registados 3.261 mortes.

Os países mais afetados a seguir à Itália e à China são a Espanha, com 1.720 mortos em 28.572 infeções, o Irão, com 1.685 mortes num total de 22.638 casos, a França, com 674 mortes (16.018 casos), e os Estados Unidos, com 390 mortes (31.057 casos).

De acordo com o portal Worldometer, que compila quase em tempo real a informação da Organização Mundial de Saúde (OMS), dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças de fontes oficiais dos países, de publicações científicas e de órgãos de informação, há registos de mortes pela covid-19 em 13 países africanos: Egito, Argélia, Marrocos, Tunísia, Burkina Faso, Gabão, Sudão, Maurícias, Gana e República Democrática do Congo (RDCongo), além da Nigéria, Gâmbia e Zimbabué, que anunciaram hoje as primeiras mortes.

Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

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