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Segunda, 16 Dezembro 2019 19:27

Sonangol tem robustez financeira para continuar actividade - PCA

Com um capital social avaliado em mais de 12 mil milhões de dólares norte-americanos (um bilião de kwanzas), a Sonangol tem robustez suficiente para continuar com a sua actividade, mantendo a confiança e credibilidade aos seus parceiros (investidores e bancos).

A afirmação é do presidente do Conselho de Administração (PCA) da petrolífera angolana, Sebastião Gaspar Martins, tendo afastado a hipótese de uma possível falência técnica da Sonangol.

“A condição económica e financeira da companhia continua viável e estamos confiantes que continuaremos a ter resultados positivos em 2019 e nos anos posteriores”, sublinhou.

Em entrevista ao Jornal de Angola, publicada na edição desta segunda-feira (16), o gestor assegurou ainda que a Sonangol tem convénios financeiros que permitem ir ao mercado internacional em busca de financiamento com cobertura total confiante e credível.

Avançou que a partir de 2020 a empresa irá ao mercado e garantir a obtenção de financiamento na ordem dos 1.500 milhões de dólares.

Clarificou que a ida ao mercado financeiro é uma operação que a empresa faz anualmente e, sempre, com o objectivo de fazer face às necessidades das operações petrolíferas, em parte, para suprir necessidades no segmento de “upstream” (exploração, desenvolvimento e produção).

Quanto à produção, em termos de interesses participativos, afirmou que a Sonangol produz cerca de 235 mil barris de petróleo por dia e com o aumento do seu papel na actividade operadora pretende tornar a empresa num “player” como qualquer uma das empresas que opera em Angola.

“Neste momento, com excepção dos blocos 15 e 17, estamos em quase todas as concessões que têm produção e vamos estar também nos blocos que têm exploração”, referiu.

Subida dos preços dos combustíveis

Para Sebastião Martins, o aumento dos preços dos combustíveis é uma necessidade, porque a Sonangol está a importar produtos refinados com custos acima das receitas obtidas com a venda no mercado nacional.

Isso significa, explicou, que actualmente Angola compra produtos refinados ao preço do mercado internacional, mas vende a um valor equivalente a uma taxa de câmbio de 155 kwanzas por cada dólar, preço fixado na última revisão e que já não se adequa com a realidade actual.

Actualmente, a taxa de câmbio ronda os 475 kwanzas por dólar, uma diferença de três a quatro vezes mais entre o preço que se compra no mercado externo e o valor a que se vende localmente.

“Nós vendemos a 30 cêntimos de dólar, quando os preços no mercado internacional rondam entre 1,20 e 1,30 dólares”, esclareceu.

Sublinhou que a Sonangol, na qualidade de parceira do Estado com responsabilidade social, tem trabalhado com os departamentos ministeriais das Finanças e Recursos Minerais e Petróleo, no sentido de se encontrar o melhor momento e equilíbrio do preço, que possa salvaguardar os interesses da empresa e do Estado como um todo.

“Ainda é necessária uma concertação, de modo a que o impacto desse aumento também não seja reflectido de forma drástica no poder compra da população”, sublinhou.

Saída da posição de concessionária

A fonte considerou a saída da Sonangol da posição de concessionária como uma boa oportunidade para estar concentrado na gestão de negócios nucleares e melhor rentabilizar a empresa.

Afirmou que a alienação de activos não nucleares vem complementar o foco na cadeia primária de valor, porque ao longo dos anos, por força das circunstâncias, a Sonangol dispersou investimentos, tornando a sua gestão muito mais complexa e menos eficiente.

Apontou a alienação de alguns activos da Sonangol, virados ao sector imobiliário, desenvolvimento da actividade industrial na Zona Económica Especial Luanda-Bengo, entre outras áreas de actividade, como acção que vai aumentar a liquidez financeira, com a possibilidade de investimento nas actividades nucleares da empresa e diminuição da dívida financeira, que no final do exercício económico de 2018 ascendia a 4,5 mil milhões de dólares.

De acordo com o PCA, a perda da função de concessionária não retira à Sonangol a condição de ser uma empresa rentável. Antes pelo contrário, agora vai-se tornar numa empresa muito mais virada para o seu objecto social, porque, até ao momento, esteve envolvida num conjunto de tarefas, incluindo algumas fora da sua actividade core, que a desviavam do objectivo de ser uma empresa rentável, competitiva e comprometida com a sustentabilidade.

“A implementação do Programa de Privatizações não visa, nem vai deixar a Sonangol despida”, acrescentou.

A visão 2027 implica que a Sonangol tenha de se requalificar e realizar-se do ponto de vista financeiro, levando a cabo um amplo programa de saneamento financeiro.

A Sonangol recebia uma taxa de sete por cento pelo exercício do papel de concessionária em nome do Estado, mas continua a deter activos valiosos e reservas petrolíferas que conferem uma posição sólida no mercado, mantendo os seus investimentos nas concessões petrolíferas angolanas onshore e offshore.

Ela vai continuar a investir no negócio principal, os investimentos nos blocos 3/05 e 4/05, para aumentar a produção operada. Os investimentos na construção de refinarias para inverter o quadro da importação de combustíveis e no Terminal Oceânico da Barra do Dande, para garantir capacidade de armazenagem de combustível em terra, são alguns exemplos, destacou a fonte.

Estratégias

Segundo o gestor, em 2018 a empresa definiu a sua visão para 2027, que centra-se na transformação da Sonangol numa empresa de referência do sector petrolífero no continente africano, comprometida com a sustentabilidade.

A estratégia definida passa pela reestruturação da empresa, incremento da actividade de exploração e produção de petróleo bruto e gás natural, assim como pelo crescimento da produção operada.

Adicionalmente, prosseguiu, a estratégia prevê aumentar a capacidade interna de produção de refinados e assegurar a eficiência da cadeia logística de combustíveis. “Estamos também empenhados na optimização do capital humano e tecnológico para o desenvolvimento da produtividade da empresa”, acrescentou.

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