"O Orçamento para 2020 mostra que, sem surpresa, o Governo continua a confiar mais nas receitas fiscais para financiar as despesas previstas, mas é de notar o forte aumento de 72,4% no financiamento da dívida, especialmente nos mercados estrangeiros", dizem os consultores da Eaglestone.
Numa nota sobre o Orçamento de Estado de Angola para 2020, enviado aos clientes, e a que a Lusa teve acesso, os analistas escrevem que "esta tendência testemunhada nos últimos anos resultou num acentuado aumento dos níveis de dívida pública, que devem chegar a 97% em 2019, face aos 85% de 2018".
Isto significa, concluem, "que mais de 60% das receitas previstas para 2020 deverão ser alocadas apenas à amortização da dívida e ao pagamentos de juros, ou seja, o dobro dos montantes de 2016 e 2017".
Na nota que analisa os principais números do Orçamento para o próximo ano, a Eaglestone afirma que espera uma nova recessão este ano, a quarta consecutiva, "o que marca a mais longa e pior recessão desde que o país terminou a guerra civil, em 2002".
Para o próximo ano, o Governo de Angola prevê um crescimento do PIB de 1,8%, depois de uma contração de 1,1% este ano, baseando esta previsão na recuperação de setor petrolífero, que deve crescer 1,5%, e no não petrolífero, que deverá acelerar de 0,6% este ano para 1,9% em 2020.
O programa do Fundo Monetário Internacional (FMI) deve sustentar a contínua implementação de reformas, "que devem impulsionar o ambiente de negócios e melhorar a atividade no setor não petrolífero, diminuindo a persistentemente elevada dependência do petróleo e reduzindo, assim, os riscos para a evolução da economia", lê-se na nota sobre o Orçamento angolano para o próximo ano.