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Quinta, 01 Agosto 2019 09:14

Akwá diz que chorou por "injustiças" e não para comover os angolanos

O ex-internacional angolano "Akwá" assegurou hoje que "não está a mendigar" e que chorou recentemente durante um programa televisivo devido às "injustiças" de que diz ser alvo e "não para comover" o povo angolano.

"Não somos de ferro e eu nem pensei em chorar para comover quem quer que seja, ou o povo angolano, chorei pelas injustiças. Pensei em todo o sacrifício que fiz em prol do país e que não valeu a pena", afirmou, em entrevista à Lusa, em Luanda.

"Bem, quando estás a ser injustiçado fazes assim uma análise do trajeto, eu sou o único jogador em Angola que chegou num jogo a decorrer, equipei-me e joguei porque precisávamos ganhar", recordou.

Fabrice Alcibíades Maieco "Akwá", com registo de 40 golos pela seleção de futebol angolana, está há mais de dez anos suspenso e impedido de exercer qualquer função a nível do desporto federado, por decisão da FIFA, devido a uma multa de 260 mil dólares ao Qatar SC, onde jogou entre 2005 e 2006, por ausência, fora do prazo legal, numa altura em que representava a seleção, conhecida como "Palancas Negras".

O assunto do antigo jogador do Benfica, Alverca e da Académica, na década de 1990, foi abordado recentemente num programa televisivo, na capital angolana, em o ex-capitão da seleção chorou.

A situação deu origem, inicialmente, nas redes, sociais a uma "onda de solidariedade" a favor do antigo goleador de 42 anos com promoção de campanhas de angariação de fundos para liquidar a dívida de "Akwá".

À Lusa, o autor o golo que qualificou Angola pela primeira vez a fase final de um campeonato do mundo, em 2006 na Alemanha, agradeceu "do fundo do coração aos promotores da campanha", afirmando que "nunca quis que assim fosse".

Questionado sobre se o facto de ter chorado tem a ver com a sua situação financeira, o ex-internacional garantiu que "não está a passar fome".

"Não estou a mendigar, estou bem e muito antes dessa polémica não viram o "Akwa" a pedir qualquer ajuda porque estava a passar fome", disse.

O também ex-deputado do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder) contou que, na ocasião, um político angolano o abordou e assegurou "ter já baixado ordens" à Federação Angolana de Futebol (FAF) "para resolver" a sua situação.

Numa entrevista recente a uma rádio local, "Akwa" lamentou que a situação ainda não tenha sido resolvida, referindo que, na época, reuniu-se com o então coordenador das seleções nacionais da FAF, Alves Simões, atualmente presidente da equipa do Interclube de Angola.

"E reuni-me duas vezes com a pessoa em questão (Alves Simões) e quando fui atrás das coordenadas bancárias, nada", reiterou à Lusa.

Em 16 deste mês, Alves Simões refutou, em conferência de imprensa, as declarações de "Akwá", sobre o suposto desvio dos 260 mil dólares para pagamento da dívida aplicada pela FIFA, prometendo levar a tribunal o antigo camisola 10 dos "Palancas Negras".

Questionado pela Lusa sobre a possibilidade de responder em tribunal, "Akwá" garantiu estar tranquilo e que não retira "nenhuma palavra".

Sobre o assunto, Fabrice Alcibíades Maieco recusa falar sobre má-fé das autoridades da FAF em solucionarem a questão, afirmando que "faltou boa vontade por parte das pessoas que estavam a dirigir a federação".

"Akwá" desafiou também o antigo secretário-geral da FAF Augusto da Silva Alvarito a convocar uma conferência de imprensa para explicar as "acusações levianas" que fez nas redes sociais de que o jogador "terá ido passear a Benguela durante 13 dias" quando deveria se apresentar ao Qatar SC.

O antigo futebolista, que jogou 11 anos ao serviço da seleção angolana, disse que já tentou abordar o assunto com o ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, mas mesmo "com três audiências marcadas" nunca foi recebido.

O antigo jogador espera agora ser recebido pelo Presidente angolano, João Lourenço, aguardando pela resposta de uma carta enviada em dezembro de 2018.

Akwá quer dirigir o futebol angolano para apostar na "organização" e "formação"

"Todos nós temos sonhos e objetivos de assumir desafios. Eu fiz-me homem no futebol e gostaria sempre de servir o futebol. (A FAP) é uma possibilidade que não descarto e tenho o perfil ideal para estar lá”, disse o antigo avançado do Benfica, em entrevista à Lusa.

Fabrice Maieco, conhecido como Akwá, está suspenso e impedido pela FIFA de exercer qualquer função a nível do futebol federado, devido a um diferendo com o Al-Wakrah, do Qatar, que lhe exige o pagamento de 260 mil dólares por atraso no regresso ao clube depois de representar Angola na Taça das Nações Africanas (CNA) de 2006.

Em face da situação, decorre uma campanha de solidariedade para recolha de fundos, promovida por angolanos, com vista a liquidar a dívida do melhor marcador da seleção, com 40 golos, para quem ocupar um cargo público “não deve ser percebido como reconhecimento pelo trabalho” que fez no futebol.

Para o antigo jogador do Benfica, ainda com passagens por Alverca, Beira-Mar e Académica, na década de 90 do século passado, as ex-glórias do futebol "precisam de melhor reconhecimento", o que "não se verifica nos dias de hoje".

Akwá, que começou a jogar futebol em 1991 na província angolana de Benguela, onde nasceu há 42 anos, primeiro na equipa da ECOMIL 2 e depois no Nacional de Benguela, estreou-se na seleção aos 17 anos, em 1995, lançado pelo técnico Carlos Alhinho.---

O ex-atleta, que se viu forçado a deixar de jogar em 2008, com 29 anos, após 11 anos ao serviço das seleções angolanas, desde os escalões inferiores, contou à Lusa que deixou de assistir aos jogos da seleção por “desrespeito” ao seu nome.

“Quando digo reconhecimento, por exemplo, lembro que aqui em Angola, para assistir aos jogos da seleção nacional, temos de pagar, temos de pedir favores. Já deixei de ir assistir aos jogos da seleção há muito tempo", frisou.

Porque, argumentou, "quem está nos melhores lugares são as pessoas que não fizeram nada para ali estarem”, o que é “uma falta de respeito", no entender do também ex-deputado do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder).

Em novembro de 2018, Akwá, autor do golo que qualificou Angola pela primeira vez para fase final de um campeonato do mundo, em 2006, na Alemanha, foi condecorado pelo Presidente angolano, João Lourenço, com a Medalha de Bravura e do Mérito Cívico e Social, por ocasião do 43.º aniversário da proclamação da independência do país.

Akwá manifesta-se preocupado com o atual estado do futebol angolano, realçando que a modalidade tem atravessado uma fase "menos boa" por "falta de organização".

"Muitas vezes, não precisamos de muito dinheiro. Aposta-se muito pouco na formação. Devia-se fazer uma campanha nacional na base da formação", atirou, pedindo a intervenção da FAF. “Não é normal, num país onde toda a criança gosta de jogar a bola, estarem a matar os talentos”, acrescentou.

Segundo ex-capitão da seleção angolana, os clubes do país deveriam aprovar em assembleia a "obrigatoriedade" de pelo menos três jogadores que estejam a fazer a transição de juniores para seniores jogarem na equipa principal. E isso, observou, "incentivaria a aposta na formação”.

“Há equipas que estão a participar no ‘Girabola’, campeonato angolano de futebol da primeira divisão, que nem escalões de formação têm", frisou.

Ex-futebolista "Akwá" elogia luta contra a corrupção e nepotismo em Angola

O ex-internacional angolano de futebol Fabrice Alcibíades Maieco "Akwá" aplaudiu as ações de combate à corrupção, nepotismo e impunidade em curso em Angola, apelando à "paciência" dos angolanos, porque os "resultados e a mudança não serão repentinos".

Segundo o antigo capitão dos "Palancas Negras", era sabido que seria difícil e está a ser difícil, porque o povo quer uma mudança repentina, quer resultados imediatos, e infelizmente essa mudança repentina não vai acontecer tão cedo".

Em entrevista à Lusa, em Luanda, o também ex-deputado do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) partido no poder desde 1975, e antigo goleador da seleção angolana com 40 golos rubricados na equipa A, referiu que a luta contra a corrupção "é grande e vai levar o seu tempo".

"Uma luta muito grande, porque durante esses anos todos habituámo-nos a uma outra realidade e, diante dessa realidade, é claro que há um lado que governou com base no nepotismo, na corrupção e esta luta é uma luta contínua", afirmou.

"Porque do outro lado está o povo que precisa de melhores escolas, melhor saúde, luz, água e tudo aquilo que é o básico para população e tudo que é para melhorar temos que aplaudir", sublinhou o antigo jogador do Sport Lisboa e Benfica, Alverca e Académica agora com 42 anos.

Fabrice Alcibíades Maieco, conhecido como “akwa”, disse acreditar que João Lourenço, Presidente angolano desde setembro de 2017, tenha sido a escolha certa para dirigir os destinos do país, destacando que o seu trabalho "merece vários elogios a nível do país e internacionais".

"E vamos apoiar aquelas que são as lutas do executivo e torcer para que o melhoramento das necessidades do povo não seja muito longo, porque já viemos de trás com muito sofrimento e espero que dentro de algum tempo as coisas mudem para o bem do povo angolano", concluiu.

O ex-capitão dos "Palancas Negras" foi deputado do MPLA na legislatura de 2008-2012, mas disse na entrevista à Lusa que que, em 2007, recusou um convite para ser deputado da UNITA.

"Eu sou do MPLA, e muito antes de eu ser chamado para deputado do MPLA recebi uma carta do presidente da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA), maior partido na oposição, a convidar-me para também ser deputado na altura, e com todo respeito, agradeci o convite, mas disse que era do MPLA e que não podia aceitar o convite", disse.

O jogador recusou ainda que a sua passagem pelo parlamento tenha sido um reconhecimento pela carreira de futebolista.

"As pessoas dizem, mas o "Akwa" foi deputado, o reconhecimento foi aí, quando ele esteve como deputado, não, as pessoas estão a fazer confusão, eu sou do partido MPLA", afirmou, recordando que foi condecorado em novembro de 2018 pelo Presidente, João Lourenço, com uma Medalha de Bravura e do Mérito Cívico e Social.

"Se há um reconhecimento ao mais alto nível é sinal de que fiz alguma coisa", considerou, referindo que não foi para o cargo de deputado para resolver problemas pessoais.

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