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Segunda, 25 Mai 2020 12:26

Só a venda da participação de Bastos de Morais "salva" banco

Em dois anos, o banco perdeu 82% dos depósitos e agora está em incumprimento com os mínimos exigidos de fundos próprios regulamentares, o que levou ao encerramento "compulsivo" do Banco Postal. BKI apresentou ao BNA o plano de revitalização que passa por vender e pela entrada de "dinheiro fresco'.

 A fuga de 82% dos depósitos em dois anos, a falta de compliance com os padrões do banco central já verificados em 2018 e, agora, o incumprimento dos mínimos dos fundos próprios regulamentares levaram o auditor independente, a Crowe, a levantar dúvidas sobre a continuidade do negócio do Banco Kwanza Investimento (BKI), cujo maior accionista é o suíço-angolano Jean-Claude Bastos de Morais.

 Segundo o relatório e contas 2019, o banco do patrão da Quantum Global, a quem o ex-presidente do Fundo Soberano de Angola (FSDEA), Filomeno dos Santos (antigo accionista deste banco), tinha confiado grande parte da gestão dos investimentos do FSDEA, apresentou ao BNA, em Novembro de 2019, um plano de revitalização e de continuidade do negócio, que assenta em dois cenários.

O primeiro passa pela venda das participações societárias do principal accionista, com o novo accionista a cobrir a insuficiência no capital regulamentar, através do aumento de capital em 100 mil USD. O segundo passa pelo aumento da actividade do banco, baseada na captação de novos depósitos e na aplicação desse capital em títulos de dívida pública, que tendencialmente em Angola permite maiores ganhos do que a sua aplicação em crédito a clientes.

Estes são os dois cenários em que o banco assenta a sua estratégia, já que o aumento da actividade permitiria resolver as deficiências estruturais no seu sistema de controlo interno e na sua estrutura de governação.

É neste sentido que, admitindo o sucesso destes procedimentos, o banco preparou as suas demonstrações financeiras numa lógica de continuidade das operações. No entanto, a Crowe alerta que este plano é pré-Covid, tendo por base indicadores económicos e projecções da economia mundial e nacional mais favoráveis que os agora previstos, que apontam a recessão. Desta forma, o auditor diz não ter condições para "confirmar" a convicção do banco na continuidade das operações.

Na prática, o auditor independente assinala que há uma incerteza grande sobre a continuidade da operação do banco num prazo de 12 meses. "Não havendo essa expectativa de o negócio estar a funcionar em 12 meses, as demonstrações devem adoptar outras regras contabilísticas, no caso, recorrendo ao princípio da liquidação, já que devem ser avaliados os activos do banco ao justo valor, no fundo, antecipando quanto valeriam em caso de encerramento do banco", admitiu ao Expansão um consultor internacional. EXPANSAO

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