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Quinta, 11 Outubro 2018 19:13

FLEC/FAC insurge-se contra CEMGFA angolano sobre "grupinhos irrelevantes" em Cabinda

O movimento independentista de Cabinda insurgiu-se hoje, em dois comunicados, contra as declarações do CEMGFA angolano, que considerou que naquela província de Angola existem "grupinhos irrelevantes" que "teimam em desafiar a lei".

Num dos comunicados, a direção política da Frente de Libertação do Estado de Cabinda/Forças Armadas de Cabinda (FLEC/FAC) afirma rejeita a "alegação imatura e a propaganda enganosa" do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA), general António Egídio de Sousa Santos "Disciplina", e reafirma que vai "travar, até ao fim, o combate pela libertação" do território.

Terça-feira, numa entrevista ao Jornal de Angola, o CEMGFA angolano considerou que, em Cabinda, existem "grupinhos que teimam em desafiar a Lei angolana", mas que são "irrelevantes" e não representam uma ameaça militar real.

Na entrevista, por ocasião do 27.º aniversário das Forças Armadas Angolanas (FAA), Egídio de Sousa Santos ("Disciplina") desdramatizou a alegada agitação militar e garantiu que o enclave de Cabinda, rodeado pela República do Congo e pela República Democrática do Congo (RDCongo), pertence a Angola.

Hoje, a direção política do movimento independentista considerou que as declarações de "Disciplina" "são propósitos fáceis de anunciar, mas difíceis de realizar, porque Cabinda não é Angola".

"É uma campanha de desinformação e de distração. As mentiras e a manipulação é a última arma política do Governo angolano. A FLEC-FAC recorda à opinião pública internacional que o General Egídio de Sousa Santos não é o primeiro CEMGFA das FAA a proferir declarações falsas e provocatórias contra à FLEC/FAC e, por isso, não se surpreende, porque já está habituada à propaganda do regime angolano", lê-se no documento.

Para a FLEC/FAC, "as mentiras e a manipulação são as armas políticas do governo angolano", pelo que pede à comunidade internacional para "estar vigilante; sobre toda a informação vinda de Luanda relativa à questão de Cabinda.

"A atitude do general angolano só demonstra que o governo estrangeiro não está disposto a aceitar uma resolução pacífica do conflito em Cabinda, mas sim em exibir a sua hegemonia bélica, por via de declarações que são meras mentiras propagandistas. Assim, a direção política da FLEC-FAC apela à unidade de todos os cabindas contra a ocupação militar e colonialista de Angola", acrescenta-se no comunicado.

O movimento pede também ao Governo angolano, liderado pelo Presidente João Lourenço, "que se contenha e privilegie o diálogo em lugar da mentira" e que "dê prova de maturidade política", respondendo "de maneira positiva" às "exigências legítimas" do povo Cabinda, entre elas a desmilitarização da região.

A FLEC/FAC reafirma que vai travar, até ao fim, o combate pela libertação do território Cabinda", lê-se no documento da direção política do movimento independentista, que vai no mesmo sentido do outro documento divulgado hoje o inspetor-geral de Defesa Nacional das FAC, general Zing Zong Júnior Sousa.

Nessanota, as Forças Armadas de Cabinda (FAC), dizem ter lido as declarações do CEMGFA angolano com "estupefação", considerando que demonstram "o total desconhecimento da situação militar" no território e que "menospreza friamente a vida dos militares angolanos morreram em combate em Cabinda".

"A FLEC/FAC não necessita de emitir qualquer desmentido, tendo em conta que as calúnias e falsas declarações do general António Egídio de Sousa Santos são habituais e bem conhecidas do público, numa estratégia de tentar camuflar os fiascos repetidos das suas ações. A FLEC/FAC lamenta, todavia, a falta de ética militar e dignidade que desonra os verdadeiros militares angolanos", escreveu Zing Zong Júnior.

"Indiferente aos delírios e divagações do CEMGFA, a FLEC/FAC concluiu que os 'grupinhos' a que se refere são os de militares angolanos que prosseguem em Cabinda as suas atividades de tráfico e corrupção", acrescenta-se na nota, em que se acrescenta que "Disciplina" "confundiu" Cabinda "com outros territórios, também no exterior de Angola, onde as FAA estão a operar clandestinamente, contrariando todas as convenções internacionais".

A FLEC, através do seu "braço armado", as FAC, luta pela independência do território alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte integrante do território angolano.

Criada em 1963, a organização independentista dividiu-se e multiplicou-se em diferentes fações, efémeras, com a FLEC/FAC a manter-se como o único movimento que alega manter uma "resistência armada" contra a administração de Luanda.

Emmanuel Nzita é presidente da FLEC/FAC e sucedeu a Nzita Tiago, líder histórico do movimento independentista Cabinda, que morreu a 03 de junho de 2016, aos 88 anos.

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