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Quinta, 17 Junho 2021 19:11

Economista diz que Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano "está a ser manipulado"

O economista angolano Carlos Rosado de Carvalho considerou hoje "irreais" os números sobre o emprego e desemprego divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano, acreditando que a instituição pública esteja a ser "manipulada politicamente".

Para o economista, os dados do INE angolano "não são confiáveis" por existir "um défice de credibilidade enorme" em relação ao órgão, que 2de forma fantástica diz que num ano de pandemia foram criados 737.215 empregos".

"Pois o Governo tem de explicar, porque também não percebo. O dado mais fantástico dos números do INE são não a comparação dos números com o trimestre, mas a comparação com o ano", afirmou hoje Carlos Rosado de Carvalho em declarações à Lusa.

"E o que vemos ao compararmos os números do primeiro trimestre de 2021 com o de 2020, todos sabemos que no primeiro trimestre de 2020 não havia pandemia, a economia começou a fechar no segundo trimestre de 2020", notou.

O INE, observa o economista, "nos diz que a população empregada aumentou em 730.215 e, isto, ninguém pode acreditar": Como é que nós em fim de um ano de pandemia temos mais emprego do que tínhamos antes da pandemia", questionou.

A taxa de desemprego em Angola fixou-se em 30,5% no primeiro trimestre de 2021, uma redução de 1,5 pontos percentuais face ao período homólogo, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano.

Entre janeiro e março, a taxa de desemprego foi estimada em 30,5%, valor inferior em 0,1 ponto percentual em relação ao do trimestre anterior (30,6%) e inferior a 1,5 pontos percentuais relativamente ao trimestre homólogo (32,0%).

No primeiro trimestre de 2021, a população desempregada, estimada em 4 744 020 pessoas com 15 ou mais anos, diminuiu em 0,1% (3 602 pessoas) em relação ao trimestre anterior.

No entanto, verificou-se um aumento de 8 563 desempregados em termos homólogos, representando um acréscimo de 0,2%.

A população empregada com 15 ou mais anos foi estimada em 10 821 205, ou seja, aumentou 0,7% relativamente ao trimestre anterior (mais 71 717 pessoas) e 7,3% em relação ao trimestre homólogo de 2020.

Na sua abordagem genérica sobre os dados publicados pelo INE, Rosado reitera a sua inquietação sobre a possibilidade de terem sido "criados 737.215 empregos em um ano de pandemia", quando, notou, o Presidente angolano, João Lourenço, prometeu, em 2017, durante a campanha eleitoral a criação de 500.000 empregos.

"Estes são números em que ninguém acredita, porque o INE está a ser manipulado politicamente, ou seja, o INE está a dar os dados que o Governo quer que dê e, portanto, ninguém confia nos dados do INE", afirmou.

"Existe um défice de credibilidade enorme relativamente ao INE. Ninguém acredita que na pandemia tenham sido criados 737.215 empregos", insistiu o também jornalista.

Carlos Rosado de Carvalho reitera a possibilidade de existir alguma "manipulação de dados do INE", porque, justificou, os dados deste órgão "agora vão de encontro para suportar aquilo que o Governo diz".

O Governo, adiantou, "fala antes dos números serem publicados, como é caso do PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre, só deve ser publicado em julho, mas o ministro da Economia e Planeamento já começou a falar dos números e agora vamos ver o que vai acontecer".

Afirmou igualmente que os dados do desemprego do primeiro trimestre de 2021 foram "publicados com atraso" e reafirmou existir um "défice de credibilidade enorme" do INE e que os recentes números, frisou, "confirmam isto".

"Ninguém acredita nesses números e estes confirmam isto, porque a economia continua confinada com a cerca sanitária em Luanda e esses números não condizem com a realidade", reafirmou.

A realidade, realçou ainda, "é que temos são empresas a fecharem, pessoas irem para o desemprego e o INE vem nos dizer que a população empregada aumentou em um ano de pandemia", rematou.

A taxa de emprego no primeiro trimestre de 2021, refere o INE, situou-se em 62,6%, menos 0,3% em relação ao trimestre anterior (62,8%) e aumento de 3,3% relativamente ao trimestre homólogo (60,7%).

O relatório do INE destaca que a situação de calamidade pública devido à covid-19 resultou no abrandamento temporário de produção de bens e serviços, em particular os não essenciais, bem como restrições à livre circulação de pessoas, em particular no caso de Luanda que se encontra há mais de um ano sob cerca sanitária.

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