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Quarta, 14 Abril 2021 22:42

Concorrência desleal provoca prejuízos de Kz 100 milhões nas bebidas

A indústria de bebidas angolana, composta por água de mesa, sumos, refrigerantes, cerveja, vinhos, espirituosas, entre outras, registou um prejuízo na ordem de 100 milhões de kwanzas, em 2020, devido, fundamentalmente, à contínua concorrência desleal existente no mercado nacional.

A par da venda de produtos baratos sem o cumprimento da lei, de boas práticas e das normas de propriedade intelectual (concorrência desleal), a elevada carga fiscal, o excesso de burocracia no processo de importação de matérias-primas e exportação de bebidas também elevaram os prejuízos das empresas deste sector, que teve, de uma maneira geral, perdas avaliadas em mil milhões de kwanzas, em 2019.

Ainda na sequência das constantes quedas nas receitas dos empresários angolanos, as mais de 40 empresas do sector das bebidas registaram o pico dos prejuízos em 2018, período que tiveram perdas de cerca de Kz 12 mil milhões, segundo Sérgio Faria, membro do grupo empresarial National Distillers, vocacionado ao fabrico de whisky, com destaque à marca “Best”.

Conforme o também especialista em economia política, que falava esta quarta-feira, em Luanda, durante o workshop sobre “Fiscalidade e análise de custos no sector das bebidas”, dirigido aos jornalistas de alguns órgãos de comunicação social, apontou o segmento dos sumos como o mais afectado nas vendas, com uma queda de 50 por cento, em 2020.

Seguidamente, referiu, a venda dos refrigerantes sofreram uma baixa de 38%, cerveja 25,8%, vinhos, álcool e espirituosas 21%, enquanto as águas registaram perdas na ordem dos 10 por cento.

Em consequência da crise financeira mundial, iniciada em 2014, e o agravamento dos impostos no país, agravado pela pandemia da covid-19 e a perda do poder de compra dos consumidores, Sérgio Faria afirmou ainda que a capacidade de produção da indústria de bebidas contínua em declínio, com a redução da produção para 1,2 mil milhões de litros de bebidas, em 2020, contra 3,4 mil milhões de litros da capacidade instalada no país.

Acto contínuo, a baixa produção e, eventualmente, o encerramento de algumas unidades fabris também está a reduzir o número de postos de trabalho no sector das bebidas, que registou a perda de oito mil empregos, entre directos e indirectos, em 2020, contra 14 mil empregos directos perdidos em 2019, de acordo com a fonte.

Com essas constantes perdas, adianta, as empresas “não são rentáveis nem sustentáveis”, facto que obriga a necessidade urgente de se reverter o actual cenário, para evitar a possível falência técnica do sector das bebidas, que tem a capacidade de empregar perto de 45 mil trabalhadores e contribuir com quatro por cento ao Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Por conta disso, o especialista em economia política aponta o rápido combate cerrado à concorrência desleal e a implementação de impostos justos e unânimes como algumas acções que devem ser feitas com urgência, para reverter o quadro actual.

A primeira edição da jornada de capacitação dos jornalistas em matérias do sector das bebidas, que decorre de 12 a 16 deste mês, em algumas fábricas instaladas em Luanda, visa munir os profissionais de comunicação social de conhecimentos teóricos e práticos, no sentido de melhorar o conteúdo noticioso dos órgãos de comunicação no domínio deste sector.

A iniciativa da Associação das Indústrias de Bebidas de Angola (AIBA) junta pelo menos 15 jornalistas da ANGOP, TPA, RNA, TV Zimbo e do Jornal de Angola, que, nos últimos três dias receberam conhecimentos técnicos e tiveram contacto directo com os operadores e máquinas deste sector.

Neste período, os jornalistas tiveram ainda a oportunidade de visitar as fábricas da National Distillers, situada no Pólo Industrial de Viana, e Sociedade de Distribuição de Bebidas de Angola (SODIBA), na comuna de Bom Jesus, município de Icolo e Bengo, em Luanda.

“Processo de importação de matérias-primas”, “Procedimento de Exportação das bebidas”, “Importância da normalização da qualidade dos produtos”, “Abordagem dos mercados externos”, “Importância do código de barras” e “Ética na comunicação de bebidas alcoólicas” foram os temas que dominaram os primeiros três dias de capacitação, ministrada por vários especialistas das respectivas unidades fabris e de outras empresas.

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