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Segunda, 01 Fevereiro 2021 15:39

Kwanza desvaloriza 25% em 2020 e 75% desde a liberalização de 2018

O kwanza encerrou 2020 a desvalorizar 25% face ao ano anterior, elevando as perdas desde o início da liberalização cambial, em 2018, para 75%, de acordo com cálculos do Mercado a partir das taxas de câmbio de fim do período do Banco Nacional de Angola (BNA).

Apesar da forte desvalorização face a 2019, o kwanza fechou 2020 em alta face ao dólar. Um facto assinalado pelo governador do BNA, José de Lima Massano, na conferência da Media Rumo, proprietária do Mercado, sobre “Qual o melhor sistema financeiro para Angola?” que decorreu em meados de Dezembro. “Os últimos três meses do ano são tipicamente um momento de pressão sobre a taxa de câmbio, mas que em 2020 verificou-se estabilidade nesse período, apesar do aumento da procura”, congratulou-se Massano em resposta a uma pergunta de um participante.

A taxa de câmbio do kwanza em relação ao dólar chegou a 673,6 kz em meados de Outubro, mas tem perseguido desde então numa tendência decrescente e, actualmente, a moeda norte-americana está cotada em 655,95 kz, ou seja, o kwanza se valorizou cerca de 2,6% nos últimos 90 dias, de acordo com um artigo no Jornal de Angola do último domingo.No mercado informal, também se regista acalmia e estabilidade. Para o dólar dos Estados Unidos, o diferencial entre o câmbio praticado pelos bancos comerciais e as kínguilas estava no dia 22 de Janeiro em torno de 13,7%, enquanto para o Euro a diferença era de apenas 7,28%, escreve o jornal oficial do governo.

A consultora Fitch Solutions também aposta numa maior estabilidade da moeda nacional. De acordo com a firma ligada à agência de rating, a taxa de câmbio média do USD deverá passar de 581,5 kz em 2020 para 663 Kz este ano e 680,4 em 2022.

Dado o aumento das exportações petrolíferas e a melhoria no ambiente comercial, analistas da Fitch Solutions acreditam que a depreciação do Kwanza vai desacelerar no primeiro semestre deste ano quando comparado com o ano passado.

Já o economista Eduardo Manuel, garante que no curto prazo o kwanza não tem potencial para estabilizar, devido à actual conjuntura económica que o País atravessa que foi agravada com a pandemia da COVID-19. No longo prazo, posso afirmar que sim, mas para que isso se verifique, todas as reformas estruturais viradas para a diversificação da economia, a fim de promover as exportações e aumentar as RIL, deverão ser executadas com rigor, acrescenta.

Para o economista Eduardo Manuel a liberalização do mercado cambial implementadas pelo BNA provocou instabilidade económica com o aumento da inflação. Eduardo Manuel, argumenta a desvalorização torna os produtos estrangeiros em moeda nacional mais caros nomeadamente matérias-primas. Com o aumento do preço do dólar os bens importados utilizados na produção nacional sobem de preços elevando os custos de produção pelo que não resta às empresas outra alternativa senão aumentarem os preços ao consumidor. Como os salários das famílias estão estagnados o resultado é a perda de poder de compra.

RIL acima da meta com o FMI

Se por um lado aumenta a inflação, por outro a desvalorização cambial ajuda a conter a drenagem das reservas internacionais líquidas (RIL), que fecharam o ano de 2020 nos 8 720 milhões USD, isto é, 600 milhões USD acima da meta acordada com o Fundo Monetário Internacional (FMI) que apontava para um mínimo das RIL de 8 085 milhões USD em Dezembro de 2020. Apesar de cumprirem a meta, o fundo espera que as RILs em Angola continuem a cair ao longo do ano de 2021 atingindo 8 001 milhões USD em Março e 7 916 milhões USD em Junho.

Para aumentar as RIL o economista Eduardo Manuel considera necessário o aumento do investimento directo estrangeiro (IDE) através do reforço das parcerias com investidores. Cenário em que os analistas da Fitch não acreditam: “Uma retomada significativa do IDE é improvável de acontecer nos próximos dois anos, já que as reformas em curso para melhorar o ambiente de negócios demoram tempo a dar resultados”.

Além do reforço do IDE, incluindo no sector petrolífero, Manuel diz que para aumentar as RIL é preciso vender os activos recuperados no combate à corrupção que se encontram no exterior; reestruturar as empresas públicas viradas para a promoção da competitividade internacional. Estas são condições necessárias, mas não suficientes para o aumento das RIL, alertou.

As RIL representam os activos externos de disponibilidade imediata sob controlo do BNA destinados ao financiamento de desequilíbrios da balança de pagamentos, serve de suporte de intervenção do BNA no mercado cambial de forma a influenciar a taxa de câmbio, bem como garantir a confiabilidade da moeda nacional na economia.

Já as reservas brutas, fecharam o ano nos 14,1 mil milhões USD o que corresponde a um grau de cobertura de importações de bens e serviços de 9,9 meses, folgadamente acima dos seis meses da meta de convergência da SADC, acrónimo inglês de Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral. MERCADO

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