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Segunda, 04 Novembro 2019 16:36

Ministro diz que Angola teve década perdida com tempos de bonança do petróleo

O ministro da Economia e Planeamento angolano considerou hoje "uma década perdida" o período entre 2007 e 2017, com "momentos considerados de bonança do petróleo", mas que não foram capazes de assegurar o nível e eficácia das receitas.

A posição foi hoje expressa por Manuel Neto da Costa, na apresentação do estudo "Aproveitar o Potencial da Juventude para Colher o Dividendo Demográfico em Angola", promovido pelo Ministério da Economia e Planeamento, com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP).

"É necessário assegurar de facto maior afetação dos recursos ao setor social, sobretudo educação e saúde, mas é preciso que garantamos também eficácia", disse o governante, na resposta a perguntas da plateia.

Segundo Manuel Neto da Costa, em determinados momentos houve o aumento do volume de recursos no setor da saúde, "mas os resultados foram negligenciados do ponto de vista de ganhos efetivos por várias razões".

"Entendemos que precisamos de estruturar melhor o nosso sistema de saúde. Nós temos uma lei do sistema nacional de saúde, mas do ponto de vista da estruturação não temos ainda uma estrutura do sistema nacional de saúde que assegure vários níveis de oferta de saúde e redes adequadas. Estou a falar desde a saúde pública a redes a nível municipal, nível secundário e terciário", referiu.

O estudo concluiu que é elevado o nível de fecundidade em Angola, na ordem de 6,2 filhos por mulher, uma taxa que "precisa baixar consideravelmente para desacelerar o rápido crescimento da população e mudar a sua estrutura etária de uma dominada por crianças dependentes para outra com mais adultos em idade ativa".

No discurso de abertura, o titular da pasta da Economia e Planeamento considerou importante os investimentos nos domínios da educação e saúde, incluindo a saúde sexual e reprodutiva.

"A abordagem que vimos tendo do ponto de vista das prioridades, que elegemos em parceria com o Banco Mundial, para a abordagem do capital humano, tem um aspeto importante, que tem a ver com o empoderamento das mulheres, sobretudo assegurar que permaneçam mais tempo na escola do que aquilo que hoje acontece”, afirmou Neto da Costa.

O que a acontecer, notou, contribuirá para que as jovens se afastem “de eventualmente iniciarem a atividade sexual mais cedo”.

A consultora para a área da saúde pública do Ministério da Saúde, Helga Freitas, realçou à Lusa que falta o acesso aos contracetivos e aos serviços de saúde, "um dos grandes desafios" a ultrapassar.

"Não é muito fácil, por isso é um grande desafio para nós. Não é só uma questão de saúde, é uma questão multissetorial, também tem a ver com os aspetos culturais, muitas mulheres não vão às unidades sanitárias, não vão aos centros de saúde à procura de planeamento familiar por questões culturais, outras por questões de transporte, tem uma série de desafios, mesmo da própria sociedade, que precisamos de estudar", considerou.

De acordo com Helga Freitas, é preciso trabalhar para facilitar o acesso da mulher ao planeamento familiar.

"Temos que começar a educar os nossos jovens, as meninas, já a partir das escolas, a falar no planeamento familiar, no currículo e que podemos começar a fazer com coisas muito simples", frisou, acrescentando que é necessário investir em "políticas mais fortes".

De acordo com a mesma responsável, o Ministério da Saúde tem “muito bem definidos” os objetivos, mas tem “que acelerar” processos para “aumentar o acesso”.

A taxa de acesso aos serviços de planeamento familiar em Angola é de 16%, indicou Helga Freitas, que concluiu: “É muito baixo e a proposta é para chegarmos aos 60%".

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