Foram enxutos do poder do público, apontam os cálculos, pelo menos 29 mil milhões Kz de Dezembro a Janeiro do corrente ano. No entendimento de Maximiano Muende, economista, o enxugamento do excesso de liquidez foi uma medida do banco central que influenciou a redução da inflação mensal registada no primeiro mês do ano.
“Estamos lembrados de que o BNA fixou uma meta de 18,07% para inflação em 2021, pelo que a política monetária tenderá a ser restricionista ao longo do ano para garantir o alcance do objectivo estabelecido”, disse o economista em declarações ao Mercado. Eduardo Manuel, também economista contactado pelo Mercado, perfilha o pensamento acima quando diz que o “BNA pretendia, essencialmente, controlar as pressões inflacionistas, promovendo a estabilidade dos preços na economia”.
Quanto ao impacto da diminuição da quantidade da moeda em circulação na economia, Maximiano Muende faz uma abordagem optimista, apesar de reconhecer que a medida adoptada pelo banco central para controlar a inflação tem efeitos negativos.
“O volume de negócios gerado no mercado é reduzido, devido à queda da procura pelos consumidores de bens e serviços reais. Como consequência há um abrandamento do crescimento económico no curto prazo. Contudo, mais do que olhar para os efeitos negativos, que são temporários, é preciso olharmos para os objectivos que nortearam tais medidas”.
Para Eduardo Manuel, a medida do BNA obriga os bancos comerciais a serem mais rigorosos na concessão de crédito aos agentes económicos, sobretudo às famílias e às empresas, impactando negativamente no consumo, visto que haverá menos crédito disponível para esse fim. A diminuição da moeda em circulação no período referido, defende Maximiano Muenda, teve influência na apreciação do Kwanza, face ao dólar americano e ao euro.
“Desde o início do ano que temos acompanhado a apreciação da moeda nacional face às principais moedas internacionais. Por um lado, é óbvio que o aumento do preço do petróleo nos mercados internacionais tem impactado positivamente no desempenho do kwanza, no que tange à apreciação.”, declarou Maximiano Muende.
Ainda em relação à diminuição da massa monetária em circulação, Maximiano Muende, disse ser consequência das medidas de política monetária e cambial adoptadas pelo BNA. “Dentre elas destacam-se a operacionalização do mercado futuro das taxas de câmbio, onde as vendas de divisas ao mercado secundário são efectuadas com base numa taxa fixa até à maturidade do contrato”, esclareceu.
Outras medidas foram o aumento das reservas obrigatórias em moeda estrangeira para 17%, depositados no BNA em moeda nacional; os leilões de divisas realizados pelo banco central, junto dos bancos comerciais para contratos de compra e venda futura de divisas, pagos à cabeça e em Kwanza.
“Combinando o aumento do preço do petróleo e a política monetária restricionista, o Kwanza sofre um duplo impacto que o tem levado a apreciar-se constantemente face ao dólar americano e ao euro”, afirmou Maximiano Muende.
Na perspectiva de Eduardo Manuel, a redução da massa monetária em circulação não tem impacto cambial significativo “porque as cotações do Kwanza face ao dólar americano e ao euro não registaram diminuições acima de 100 Kz”.
Os dois economistas têm opiniões divergentes quando questionados se o BNA tinha tomado uma medida restritiva.
“Claro que sim. Em períodos de eleições os governos tendem a adoptar medidas que beneficiam as famílias e a população em geral. Ao aproximarmo-nos de 2022, é normal que a autoridade monetária expecte um aumento da inflação nos próximos meses e por causa disso, antecipa-se tomando medidas restricionistas para garantir a estabilidade dos preços”, disse Maximiano Muende.
Eduardo Manuel respondeu que não. “É apenas uma estratégia de política monetária para melhor controle da inflação, tendo em conta os objectivos de médio e longo prazo do executivo, para a promoção da diversificação da economia”.