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Quarta, 03 Março 2021 12:17

Dinheiro em circulação diminuiu cerca de 7% em Janeiro de 2021

A quantidade de moeda em circulação diminuiu 7% entre os meses de Dezembro de 2020 e Janeiro de 2021, passando de pelo menos 404,6 mil milhões Kz para cerca de 375,4 mil milhões Kz, segundo cálculos do Mercado com base nos dados do Banco Nacional de Angola (BNA).

Foram enxutos do poder do público, apontam os cálculos, pelo menos 29 mil milhões Kz de Dezembro a Janeiro do corrente ano. No entendimento de Maximiano Muende, economista, o enxugamento do excesso de liquidez foi uma medida do banco central que influenciou a redução da inflação mensal registada no primeiro mês do ano.

“Estamos lembrados de que o BNA fixou uma meta de 18,07% para inflação em 2021, pelo que a política monetária tenderá a ser restricionista ao longo do ano para garantir o alcance do objectivo estabelecido”, disse o economista em declarações ao Mercado. Eduardo Manuel, também economista contactado pelo Mercado, perfilha o pensamento acima quando diz que o “BNA pretendia, essencialmente, controlar as pressões inflacionistas, promovendo a estabilidade dos preços na economia”.

Quanto ao impacto da diminuição da quantidade da moeda em circulação na economia, Maximiano Muende faz uma abordagem optimista, apesar de reconhecer que a medida adoptada pelo banco central para controlar a inflação tem efeitos negativos.

“O volume de negócios gerado no mercado é reduzido, devido à queda da procura pelos consumidores de bens e serviços reais. Como consequência há um abrandamento do crescimento económico no curto prazo. Contudo, mais do que olhar para os efeitos negativos, que são temporários, é preciso olharmos para os objectivos que nortearam tais medidas”.

Para Eduardo Manuel, a medida do BNA obriga os bancos comerciais a serem mais rigorosos na concessão de crédito aos agentes económicos, sobretudo às famílias e às empresas, impactando negativamente no consumo, visto que haverá menos crédito disponível para esse fim. A diminuição da moeda em circulação no período referido, defende Maximiano Muenda, teve influência na apreciação do Kwanza, face ao dólar americano e ao euro.

“Desde o início do ano que temos acompanhado a apreciação da moeda nacional face às principais moedas internacionais. Por um lado, é óbvio que o aumento do preço do petróleo nos mercados internacionais tem impactado positivamente no desempenho do kwanza, no que tange à apreciação.”, declarou Maximiano Muende.

Ainda em relação à diminuição da massa monetária em circulação, Maximiano Muende, disse ser consequência das medidas de política monetária e cambial adoptadas pelo BNA. “Dentre elas destacam-se a operacionalização do mercado futuro das taxas de câmbio, onde as vendas de divisas ao mercado secundário são efectuadas com base numa taxa fixa até à maturidade do contrato”, esclareceu.

Outras medidas foram o aumento das reservas obrigatórias em moeda estrangeira para 17%, depositados no BNA em moeda nacional; os leilões de divisas realizados pelo banco central, junto dos bancos comerciais para contratos de compra e venda futura de divisas, pagos à cabeça e em Kwanza.

“Combinando o aumento do preço do petróleo e a política monetária restricionista, o Kwanza sofre um duplo impacto que o tem levado a apreciar-se constantemente face ao dólar americano e ao euro”, afirmou Maximiano Muende.

Na perspectiva de Eduardo Manuel, a redução da massa monetária em circulação não tem impacto cambial significativo “porque as cotações do Kwanza face ao dólar americano e ao euro não registaram diminuições acima de 100 Kz”.

Os dois economistas têm opiniões divergentes quando questionados se o BNA tinha tomado uma medida restritiva.

“Claro que sim. Em períodos de eleições os governos tendem a adoptar medidas que beneficiam as famílias e a população em geral. Ao aproximarmo-nos de 2022, é normal que a autoridade monetária expecte um aumento da inflação nos próximos meses e por causa disso, antecipa-se tomando medidas restricionistas para garantir a estabilidade dos preços”, disse Maximiano Muende.

Eduardo Manuel respondeu que não. “É apenas uma estratégia de política monetária para melhor controle da inflação, tendo em conta os objectivos de médio e longo prazo do executivo, para a promoção da diversificação da economia”.

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