As cidadãs, ambas comerciantes, apresentam testemunhos que ilustram os níveis de intolerância política naquela comuna do município do Bocoio, assumidos pela Polícia Nacional como ‘’bastante preocupantes’’.
O facto de uma cidadã assistente ter fugido com o fósforo evitou o pior, explica a senhora Ana, uma das militantes do ‘’galo negro’’, que acabaria por ficar sem alguns produtos.
“Me encontraram mesmo aqui na praça, me marcaram como cidadã da UNITA e me atiraram gasolina, são os moços do MPLA, vi o Evaristo. Ainda levaram as minhas coisas que eu estava a vender. Só não nos queimaram porque uma senhora levou o fósforo, fugiu para não nos queimarem’’, conta Ana.
Situação considerada grave aos olhos de Pierre Tantchou, da organização não governamental norte-americana National Endowment for Democracy, que se junta à OMUNGA na luta contra a intolerância.
“É importante conversar com as pessoas, não pode haver violência entre pessoas de partidos diferentes. Em democracia, não existe isso de luta, você não pode admitir’’, ressalta Tantchou.
Por seu lado, o comandante da Polícia no Monte Belo, Sebastião Guelengue, admite que não estava à espera de uma situação tão complicada.
“Devo admitir que eu não estava à espera de uma situação como esta, nada fazia prever’’, reconhece Guelengue, que promete medidas para controlar a situação.
O cidadão acusado pela comerciante, conhecido apenas por Evaristo, abandonou o local quando se apercebeu que seria confrontado por jornalistas. (Voa)