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Segunda, 21 Setembro 2020 21:01

Braço direito de João Lourenço ganha milhões em contratos públicos

Dinheiro gasto pelo estado angolano passou por uma conta na Madeira e serviu para comprar propriedades de luxo em Portugal

O presidente de Angola, João Lourenço, autorizou a contratação de uma empresa de consultoria de Edeltrudes Costa, atual chefe de gabinete e braço direito do chefe de estado daquele país africano. Um dos negócios, que tinha como objetivo a modernização dos aeroportos angolanos, rendeu vários milhões de euros em contratos públicos, e o dinheiro acabou por vir parar a Portugal, onde foi utilizado para comprar casas de luxo em Sintra e Cascais.

Eldetrudes Costa enviou ainda dinheiro para o Panamá, utilizando uma sucursal do então Banco Espírito Santo (BES) na zona franca da Madeira.

Desde que João Lourenço assumiu o poder que Eldetrudes Costa é o seu braço direito, movendo-se há vários anos nos corredores do poder angolano, mesmo durante os mandatos de José Eduardo dos Santos, tendo sido ministro de estado e chefe da Casa Civil durante esse período.

Uma investigação da TVI apurou que vários contratos públicos foram conseguidos com o aval do presidente angolano.

A empresa EMFC – Consulting, S.A, é detida por Eldetrudes Costa com poderes ilimitados, sendo que o seu mandato à frente da companhia só pode ser revogado com autorização do próprio e que não tem prazo de caducidade.

Num despacho aprovado pelo presidente da república de Angola é mencionada a contratação da Roland Berger, num documento que prevê a subcontratação da EMFC.

O contrato refere-se a fevereiro de 2019 e o outorgante que o assina pela EMFC é português: Nuno Monteiro Dente, que é representante da Roland Berger desde 2018, estando assim envolvido em ambas as empresas contratadas.

Este português foi um dos integrantes da listas do Iniciativa Liberal às últimas eleições legislativas, concorrendo pelo círculo de Viana do Castelo. Contactado pela TVI para um pedido de esclarecimentos, nunca deu qualquer resposta.

Grande parte desse montante foi transferido para Portugal, o que levou o banco central a investigar as transferências e Eldetrudes Costa, tendo por base falhas graves na prevenção de branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo.

Apesar de nunca ter ocupado cargos que lhe rendessem grandes fortunas, Eldetrudes Costa tinha, entre euros, dólares e kwanzas, o equivalente a 20 milhões de euros, segundo um extrato bancário a que a TVI teve acesso.

Com esse dinheiro que veio parar a Portugal comprou, entre outras coisas, uma casa em Cascais que custou mais de 2,5 milhões de euros, e que está no nome da ex-mulher, Ariete Faria, a presidente do Conselho de Administração da EMFC.

Através de um offshore na Madeira, e com dinheiro que passou pelo BES, comprou também um apartamento de luxo numa propriedade de Donald Trump no Panamá.

Outro contrato descoberto pela TVI refere-se a um serviço para a Comissão Nacional Eleitoral de Angola, num trabalho que a empresa de Edeltrudes Costa fez para as eleições que terminaram com a vitória de João Lourenço. Só com este negócio terá arrecadado perto de um milhão de euros.

Contactados pela TVI, nem João Lourenço nem Eldetrudes Costa prestaram esclarecimentos. TVI24

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