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Quinta, 14 Dezembro 2017 17:26

UNITA satisfeita com João Lourenço pelos sinais de mudança desejado pelos angolanos

O líder da UNITA felicitou hoje o facto do Presidente angolano, João Lourenço, ter entendido, ao fim de 100 dias de governação, o clamor do povo, com sinais de que "pretende corresponder aos anseios dos angolanos pela mudança".

Isaías Samakuva discursava hoje na abertura da III reunião da Comissão Permanente da União Nacional para a Independência de Angola (UNITA), maior partido da oposição angolana, que encerra no sábado.

Na sua intervenção, o líder da UNITA reconheceu ainda que, apesar de João Lourenço "ter sido eleito pela CNE (Comissão Nacional Eleitoral) a mando do partido Estado, tem se comportado até aqui como Presidente de uma República e não como presidente imposto por uma oligarquia, que sequestrou o partido Estado".

O dirigente político disse ainda que agora os angolanos esperam que o chefe de Estado angolano "passe da teoria à prática".

Segundo Isaías Samakuva, por vários anos, a UNITA foi denunciando as práticas de corrupção que o país enfrenta, contribuindo para a formação da opinião pública e da consciência nacional e política, rumo à mudança.

Hoje, de acordo com Samakuva, "os angolanos estão a testemunhar, pela primeira vez, o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola, partido no poder) a fazer meia culpa e vir reconhecer, finalmente, que foi ele quem instituiu a corrupção em Angola".

"Afinal, a UNITA tinha razão quando dizia que o Estado angolano dirigido pelo MPLA funda-se na corrupção, vive na corrupção e promove a corrupção. Mais vale tarde do que nunca", disse.

João Lourenço, que discursava, quarta-feira, na qualidade de vice-Presidente do MPLA, no encerramento de um seminário cujos debates giraram à volta do tema da corrupção, afirmou que o seu partido, como órgão colegial, assume coletivamente a responsabilidade do que se passou e que se deveu à "inação" do partido e de cujas consequências "está hoje o país a pagar".

No seu discurso, Isaías Samakuva recorda que antes das eleições de 23 de agosto deste ano, "a grande maioria dos angolanos tinha decidido mudar o rumo do país", sentimento que foi percebido pelo MPLA, "que, para sobreviver, não teve outra alternativa senão abraçar o sentimento nacional de mudança"

Isaías Samakuva disse ainda que estão enganadas as pessoas que dizem hoje "erradamente" que o Presidente deixou a oposição sem discurso, porque é João Lourenço "que vem ao encontro dos anseios do povo por mudança".

"E é assim que deve ser. Se o Presidente adota como agenda do Estado a agenda do povo, então concretiza-se a democracia, porque a democracia significa governo do povo, pelo povo e para o povo", encorajou.

De acordo com o dirigente da UNITA, os angolanos esperam que o Presidente angolano atue e que o líder do MPLA instrua a sua bancada parlamentar para solicitar ao Tribunal Constitucional a anulação do acórdão que impede o parlamento de fiscalizar o executivo, que o partido no poder viabilize na Assembleia Nacional "os sucessivos pedidos da UNITA para a constituição de comissões parlamentares de inquérito para fiscalizar os atos do executivo".

Para o maior partido da oposição angolana, os atos do chefe de Estado angolano devem igualmente refletir na apresentação ao país do relatório, que terá recebido do seu antecessor, o ex-Presidente José Eduardo dos Santos, sobre o estado das finanças públicas, "em particular a indicação expressa sobre onde estão os cerca de 130 mil milhões de dólares que o parlamento colocou sob sua guarda entre 2011 e 2014".

O referido montante representa reservas especiais criadas fora do Orçamento Geral do Estado, com base no diferencial entre o preço real do barril de petróleo vendido e o preço utilizado nos cálculos do orçamento geral do Estado (OGE) e registado nas contas do Estado.

A UNITA reclama que naquela altura o ex-Presidente escreveu nas propostas de leis que aprovaram os OGE que o parlamento colocava as reservas criadas sob sua exclusiva gestão, mas na prestação de contas "não evidenciou com igual destaque o destino dado a tão avultadas somas".

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