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Quarta, 13 Dezembro 2017 20:31

Os desafios dos Partidos Políticos da Oposição em Angola

Os Partidos da Oposição em Angola jogaram um papel bastante influenciador ao surgimento do clima actual em que Angola vive ou seja a era do Lourençismo .  A pressão dos Partidos da oposição em conjucção com a pressão da sociedade civil, embora fragmentada foi inalienávelmente preponderante em influenciar à uma nova dinâmica de competiçâo política entre os partidos políticos (MPLA, UNITA, CASA-CE).

Portanto, as eleições passadas reflectiram essa dinâmica que foi praticamente virada à mudança, por isso o slogam do MPLA surpreendeu muitos Angolanos; (“melhorar o que está bom e corrigir o que está mal”), esse slogam em poucas palavras ressona a mudança.

Os partidos da oposição sem excepção como óbvio todos clamaram pela mudança, em outras palavras nós tivemos eleições em que todos os partidos políticos clamavam pela mudança de uma forma directa ou indirecta. O facto mudança passou a ser parte do lêxico politico Angolano.

O que distinguia do tipo de mudança que a situação e oposição prometia estava claramente sujeito entre uma Mudança Política Radical e Mudança Política Gradual. Todavia, o foco foi certamente a mudança.    

Um dos grandes contributos dos partidos históricos da oposição (UNITA e FNLA) é claramente a pressão e influência que causaram no surgimento do multipartidarismo em Angola. Hojem em dia o esforço dado pelos partidos da oposição em prol do amadurecimento democrático é sem dúvidas uma aposta acertada e deve ser reconhecida.

A democracia só é segura quando a oposição é forte, o futuro do povo só é seguro quando os líderes têm visão para o futuro. O que mais me preocupa não são os partidos políticos como organização mas os líderes dos partidos políticos, porque são eles que influenciam a dinâmica política; o progresso ou retrocesso da democracia de um país.

Será que os partidos da oposição em Angola, perderam o pragmatismo devido as boas iniciativas de JLO?

Uns dizem “a oposição desta vez está apagada porque o JLO está fazendo o que eles criticavam, agora não têm mais nada para atacar”. Outros dizem a oposição continua forte e no bom caminho.

Eu sou de opinião que a oposição Angolana enfrenta desafios mas não está fraca, se a oposição fosse fraca então o MPLA não perderia os 25 assentos que tinha no parlamento.

Eu acredito que o que se passa agora em Angola é que o pragamatismo de JLO está a expor alguns desafios que a oposição sempre teve, de um lado e do outro lado acho ser uma oportunidade para a oposição Angolana se reiventar um pouco do ponto de vista estratégico porque parece-me que a dinâmica do eleitorado Angolano de agora é diferrente com o de 1992.

Quatro (4) desafios dos Partidos da Oposição em Angola

Eu identifiquei quatro (4) desafios que os partidos da oposição em Angola enfrentam e devo enfatisar que esses desafios continuam os mesmos durante a era de JES e até agora. Portanto, alguns dos desafios dos partidos políticos da oposição remontam das suas origens e o nivel da sua atuação contemporânea.

  1. A influência Étnica Regional nos Partidos da Oposição.

Os Partidos políticos históricos em Angola têm um defeito comum; (1) que é a essência do seu surgimento étnico-regional, há fundamento para tal situação tendo em conta o contexto Ideológico internacional e o contexto da participação regional durante a luta de libertação.

Essa influência étnico regional nos partidos políticos históricos ainda continua assolando a nossa oposição apesar de alguns avanços feito em desregionar os partidos e acabar com a realidade em que apenas indivíduos de uma certa etnia ou região comandam certos partidos.  

O surgimento da CASA-CE demonstra ruptura dessa tradição de um lado; mas tambêm do outro lado serve de termômetro para medir se a etnia e o regionalism ainda continua ser o elemento influenciador na oposição política Angolana ou não. Acredito que a etnia ainda continua a ser a base do eleitorado tradicional dos partidos históricos da oposição incluíndo o PRS.

  1. Falta de criatividade financeira

Os partidos políticos não devem se limitar da cotação dos seus membros e das verbas que o Estado providencia para os partidos; porque depender disso fragiliza o partido. Os líderes dos partidos têm de ter criatividade de como gerar fundos como fund-raising campaigns; iniciativas ou mesmo criação de empresas para fortalecer os fundos do partido.

A UNITA nesse aspecto está melhor que outros partidos politicos da oposição, tem a Rádio DESPERTAR e a TV RAIA; esses são fontes de receitas e isso demonstra a criatividade financeira desse partido.

O que as vezes me deixa pasmado é quando os partidos reclamama das verbas do Estado na TV e como se antecipam a derrota pela insuficiencia das verbas. Mas de quêm é a culpa?

O exêmplo práctico nesse caso é a FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola) liderado pelo Lucas Ngonda (LN) que reclamou ao atraso ou falta das verbas durante as eleições recentes.

Os partidos políticos são grupos de interesses cujo objectivo é alcançar o poder; mas como é que tenciona alcançar o poder sem fundos?

Como é que tenciona ser governo para gerir fundo do estado se não consegue gerir fundo do seu partido?

Como é que nas eleições promete o povo que “vai atrair mais investimento estrangeiro no país do que o partido no poder “ se você nem atrair fundo para o seu próprio partido consegue?

  1. Política de Personalização em vez de Políticas de Alternância

Eu tenho acompanhado a política dos partidos da oposição no nosso continente e pela minha análise sobretudo os partidos da oposição na regiao SADC (África Austral), os partidos da oposição enfrentam um mesmo desafio que é a falta de políticas alternativas eficientes em resolver os problemas.

O grande maior foco tem sido à volta do ataque pessoal do presidente e suas falhas, chamo isso de Política de Personalização que se consubstancia em ataques pessoais dos atores políticos no poder com grande foco ao presidente do Estado).

O mesmo aconteceu em Angola durante o reinado de JES e está acontecendo na África do Sul no reinado de JZ.

Exêmplos:

  • Na África do Sul a oposição particularmente o Democratic Alliance (DA) culpa tudo no Jacob Zuma e toda estrategia da oposição está mais virada na pessoa de Jacob Zuma do que oferecer políticas alternativas claras que visa melhorar o que está mal (desigualdades causadas pelo apartheid),tudo é a volta dos escândalos de JZ, isso demonstra a deficiência da oposição e me preocupa porque o povo fica sem reserva segura para o futuro. Quando JZ deixar o poder que é provalvemente em 2019 quando o mandato dele termina, a oposição enfrentará grandes desafios.
  • Em Angola a oposição fez a mesma coisa; tudo era culpado no JES e toda estrategia da oposição foi virado a pessoa de José Eduardo dos Santos; bateram muitos batuques “está muito tempo no poder”. O dia seguinte acordamos e demos conta que JES decidiu deixar o poder…e tufas….os batuques da oposição ficaram em silêncio e só quase ao início da campanha eleitoral é que os candidatos da oposição foram conhecidos. Em outras palavras a estrategia falhou e parece-me que a demora deve-se pela brusca mudança de plano de ação.
  1. A longevitidade dos líderes dos Partidos Políticos

Muitos dos problemas que os partidos políticos da oposição criticam ao partido-Estado (MPLA) são os mesmos problemas que eles enfrentam nos seus partidos.

 Em Angola ainda não temos a cultura de líderes dos partidos da oposição deixarem o poder para os outros ou servir o máximo dois mandatos. Ainda temos o problema do amiguismo dentro dos partidos políticos. Um outro problema são lideranças contestadas ao ponto de dividir o partido em duas alas, problemas de lideranças que fragilizam os partidos por exêmplo a FNLA continua dividida entre Lucas Ngonda e Ngola Kabango.

Esse é o dilema que temos em África e muitos ainda não deram conta que na praticalidade nós temos poucos partidos da oposição, temos mais partidos da usurpação ou ONGs com o foco político registado como partidos políticos.

Portanto, esses são os desafios da oposição Angolana. Se os Partidos da Oposição melhorarem nesses quatro desafios que debrucei terémos uma oposição de soluções e não apenas uma oposição de opiniões.

Precisamos de uma oposição forte para uma democracia forte e um país forte. Os Angolanos merecem o melhor e por isso não podem continuar a ser liderados por líderes de ocasião mas sim, líderes de visão!

Moises M.  Antunes “Wima the Poet”

Consultor Político e de Relações Internacionais & Diplomacia (Angola & África do Sul)
Consultor Internacional de Inteligência de Mercado-SADC (Angola & África do Sul) Orador Motivacional |Tradutor Ajuramentado (Inglês e Português)
South Africa

 

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