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Quinta, 16 Novembro 2017 10:55

Mugabe resiste à pressão de militares para deixar governo do Zimbábue

Presidente está confinado em sua residência na capital, Harare. Militares tomaram prédios públicos, mas negam se tratar de golpe.

O presidente Robert Mugabe insiste que é o único governante legítimo do Zimbábue nesta quinta-feira (16) e está resistindo à mediação de um padre católico que tenta negociar uma transição de poder pacífica, disse uma fonte de inteligência à agência Reuters.

O padre Fidelis Mukonori está atuando como intermediário entre Mugabe e os generais, que assumiram o controle de prédios públicos na quarta-feira e colocaram militares nas ruas da capital, Harare.

A justificativa dos militares, que evitam usar a palavra "golpe", é realizar uma operação direcionada a "criminosos" ligados ao presidente.

Mugabe, ainda visto por muitos africanos como um herói da libertação, é repudiado no Ocidente, que o vê como um déspota cujas desastrosas medidas econômicas e disposição para recorrer à violência para se manter no poder destruíram um dos Estados mais promissores da África.

Relatos da inteligência zimbabuana aos quais a Reuters disse ter tido acesso levam a crer que o ex-diretor de segurança Emmerson Mnangagwa, demitido da vice-presidência em outubro, está elaborando uma visão pós-Mugabe para o país com os militares e a oposição há mais de um ano.

Mnangagwa exilou-se na África do Sul. Na quarta-feira, surgiram relatos não confirmados de que ele - ex-braço-direito de Mugabe e um dos heróis da independência do país - estaria voltando ao país.

O correspondente da rede CNN em Harare, David McKenzie, disse que os fatos nas ruas sugerem que a ação militar no país é um golpe.

McKenzie disse ter visto militares fazendo o controle de veículos e documentos de identidade de pessoas, além de soldados em lugares estratégicos da capital.

"Os militares estão no comando, não está claro qual papel o presidente Mugabe está desempenhando", disse o correspondente em uma transmissão, acrescentando que há muitas questões e rumores sobre a situação.

Opositor retorna

Alimentando a especulação de que um plano de sucessão pode estar sendo acionado, o líder opositor Morgan Tsvangirai, que está sendo tratado de câncer no Reino Unido e na África do Sul, voltou à capital Harare na noite da quarta-feira, informou seu porta-voz.

A África do Sul disse que Mugabe relatou ao presidente sul-africano, Jacob Zuma, por telefone, na quarta-feira, que está confinado à sua casa, mas que de resto está bem e que os militares o estão mantendo e à sua família, inclusive sua esposa, Grace, em segurança.

Apesar da admiração ainda existente por Mugabe, o povo é pouco afeito a Grace, de 52 anos, ex-datilógrafa do governo que iniciou um caso com Mugabe no início dos anos 1990 enquanto sua primeira esposa, Sally, sucumbia a uma doença renal.

Apelidada de "DisGrace" ou "Gucci Grace" devido a seu suposto amor por marcas famosas, ela teve uma ascensão meteórica nas fileiras do partido governista do marido, o Zanu-PF, nos últimos dois anos, o que culminou com a demissão de Mnangagwa uma semana atrás - uma manobra que se acredita ter sido realizada para abrir caminho para Grace suceder Mugabe. G1

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