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Sábado, 21 Outubro 2017 16:53

A sucessão de Isaías Samakuva será debatida no final deste ano

O futuro da UNITA é traçado no final deste ano, quando estiver reunida a comissão política do partido, que, entre outros assuntos, deverá analisar e tomar uma decisão sobre o desejo do seu presidente de abandonar a liderança da maior força política na oposição.

Por Bernardino Manje

Ainda antes da campanha eleitoral, Isaías Samakuva já tinha manifestado a intenção de deixar a presidência da UNITA, qualquer que fosse o resultado nas eleições de 23 de Agosto último. O líder do partido do "galo negro" manteve a sua posição mesmo depois da divulgação dos resultados, que acabaram por o colocar (tal qual o seu partido) na segunda posição, atrás do MPLA.

Demonstrando que pretende ser coerente com o que afirma, Samakuva reafirmou a sua posição de não mais concorrer à liderança da UNITA, durante a última reunião do comité permanente, o órgão de cúpula restrito do partido.

De 71 anos, quase 15 dos quais à frente dos destinos da UNITA, o antigo logístico e representante do partido na Inglaterra e em França voltou a dizer o mesmo no dia 28 deste mês, à margem da cerimónia de tomada de posse dos deputados à Assembleia Nacional, deixando claro que não tenciona voltar atrás no que disse.

“Estou há 15 anos à frente do partido e tenho de ver também a minha idade, a família e outros afazeres”, esclareceu, na ocasião o político, casado com Albertina Inês Satuala Samakuva e pai de cinco filhos.

Na ocasião, Samakuva sublinhou que iria continuar no partido “com a mesma energia e motivação de sempre, mas noutras funções.” Portanto, é ponto assente que Samakuva não volta a candidatar-se à liderança da UNITA, depois das vitórias consecutivas nos congressos de 2003, 2007, 2011 e 2015.

A incógnita, por enquanto, está em saber quando o alto mandatário do partido se retira. Alguns militantes de proa do partido como Lukamba Paulo “Gato”, Abílio Camalata Numa (estes dois já foram derrotados por Samakuva em congressos anteriores), Adalberto Costa Júnior e o filho do fundador do partido, Rafael Massanga Sakaita Savimbi, já estão a ser cogitados internamente como prováveis candidatos à sucessão de Isaías Samakuva.

Mas, tal como os mesmos afirmaram, ainda é muito cedo para confirmarem se avançam ou não com o desejo manifestado por supostos apoiantes seus, pois nem sequer ainda se sabe qual será a decisão da comissão política.

Aliás, a fazer fé nas recentes declarações do secretário da UNITA no Namibe, Altino Kapango, é bem provável que o próximo líder do partido apenas seja conhecido daqui a dois anos. Kapango e outros dirigentes do partido, como Sediangani Mbimbi, defendem a continuidade de Samakuva até ao próximo congresso ordinário, previsto para 2019, altura em que o actual presidente cessa o seu mandato.

Durante uma interacção com outros companheiros, e não só, na rede social WhatsApp, o representante da UNITA no Namibe justificou a sua posição com a falta de recursos para realizar dois congressos num espaço de tempo de um ano, sendo um extraordinário, já para o próximo ano, unicamente com o objectivo de eleger o novo presidente do partido, e um outro ordinário, para 2019.

Tendo em conta que o actual presidente ainda está dentro do seu mandato e, sobretudo, porque a falta de recursos financeiros é um problema conjuntural, alguns analistas acreditam que a comissão política da UNITA, que se reúne em Dezembro, acabe mesmo por decidir pela realização de apenas um congresso, no caso o ordinário, em 2019.

Trata-se, segundo eles, de uma justificação bem sustentada e a ter em linha de conta, até porque não há vacatura no cargo de presidente do partido, Isaías Samakuva ainda está nos marcos do seu mandato e, mais importante do que isso, estar-se-ia a poupar dinheiro com a realização de um único congresso. (JÁ)

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