Desde sábado passado sob custódia policial, Ramón Esono passou hoje para as mãos da Justiça, embora negando totalmente a acusação que lhe foi feita.
Em declarações por telefone à agência noticiosa espanhola Efe, o advogado do artista de BD, Ángel-Obama Obiang Eseng, disse que a acusação será investigada enquanto o ativista fica em prisão preventiva, depois de lhe ter sido recusada a liberdade condicional.
Fontes próximas do artista que solicitaram o anonimato asseguraram que Ramón Esono foi inicialmente interrogado por causa das suas histórias em quadradinhos, desenhos e comentários nas redes sociais.
Contudo, no domingo passado, a polícia esqueceu essa acusação e interrogou Esono sobre o seu alegado envolvimento em branqueamento e falsificação de dinheiro.
As mesmas fontes disseram que a polícia garantiu ter encontrado um milhão de francos falsos na viatura que Esono conduzia no momento da detenção.
Fontes da sua família asseveraram que a acusação é "absolutamente falsa" e que o artista de BD reside desde 2011 no estrangeiro, não tendo até agora voltado à Guiné Equatorial.
Embora estivesse tranquilo e com bom aspeto, o artista ficou nervoso quando soube que seria transferido para a prisão de Black Beach, que goza de má fama entre os cidadãos da Guiné Equatorial.
O ativista foi detido quando regressou ao país para renovar o seu passaporte, juntamente com um responsável da Cooperação Espanhola no país e um professor do Colégio Espanhol. Depois de interrogar os dois espanhóis, a polícia libertou-os.
O artista tem estado a residir no Paraguai e é autor dos desenhos de "Obi, la pesadilla" ("Obi(ang), o pesadelo"), uma novela gráfica que mostra como seria a vida de Obiang se um dia acordasse e fosse um desempregado dos bairros da lata de Malabo.
O seu retorno à Guiné Equatorial deveu-se ao facto de não poder entrar sem passaporte válido em El Salvador, novo destino da mulher, cooperante espanhola.
Desde a independência de Espanha, em 1968, a Guiné Equatorial é considerada um dos países mais repressivos do mundo devido às constantes detenções e torturas de dissidentes e às denúncias de repetidas fraudes eleitorais levadas a cabo pela oposição e pela comunidade internacional.
O pequeno país africano, governado desde o golpe de Estado de 03 de agosto de 1979 pelo Presidente Teodoro Obiang Nguema, que derrubou o tio, Francisco Macías Nguema, tem importantes jazidas de petróleo cuja exploração não desencadeou, contudo, uma melhoria do nível de vida da população, que continua afundada na pobreza.