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Quarta, 20 Setembro 2017 09:27

Angola nega acusações da ONU sobre violação de sanções contra a Coreia do Norte

País já enviou dois relatórios ao Conselho de Segurança da ONU, sobre o cumprimento do embargo imposto à Coreia do Norte.

O Governo angolano negou as acusações da Organização das Nações Unidas (ONU), segundo as quais o país estaria a violar o embargo político e económico imposto à Coreia do Norte, como consequência dos testes nucleares levados a cabo por Pyongyang. “Angola não está e nunca esteve em situação de violação às sanções impostas pela ONU à Coreia do Norte”, garante a directora dos Assuntos Multilaterais, do Ministério das Relações Exteriores (Mirex), Margarida Izata.

Em declarações em exclusivo ao VALOR, Izata afirmou que, até ao momento, o Governo já enviou ao Conselho de Segurança da ONU (CSONU) dois relatórios com detalhes sobre o cumprimento do bloqueio contra Pyongyang. “Pode juntar-se aos relatórios a visita efectuada por peritos designados pelo CSONU há cerca de um ano, com o mesmo propósito, isto é, verificar ‘in loco’, o grau de implementação das recomendações por parte de Angola”, argumentou.

A ONU anunciou estar a investigar possíveis violações ao embargo e sanções impostas à Coreia do Norte por parte de Angola e Moçambique. No caso de Angola, a acusação, segundo um recente relatório da organização, é sustentada pela possibilidade de o país ter tido nas forças de segurança elementos norte-coreanos.

“O painel continua a sua investigação sobre se a guarda presidencial de Angola e outras unidades foram treinadas por pessoas da República Democrática Popular da Coreia, bem como sobre diplomatas do país acreditados em Angola que trabalham para a Green Pine Corporation, incluindo Kim Hyok Chan e Jon Chol Young”, lê-se no relatório da maior organização internacional.

“Há poucas possibilidades de serem encontrados elementos de prova, uma vez que o país tem procurado cumprir, no seu entender, todas as recomendações e tem mantido a comunidade internacional informada sobre o assunto”, responde Margarida Izata, quando questionada sobre as possívei consequências para o país, caso fique provada a violação.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou, na semana passada, a nona ronda de sanções contra a Coreia do Norte, por causa da sua corrida às armas nucleares. O novo bloqueio foi proposto pelos Estados Unidos da América e visa interditar as exportações norte-coreanas de têxteis e reduzir a sua importação de petróleo e gás. Os Estados-membros da ONU estão ainda proibidos de contratar mão-de-obra da península norte-coreana.

Actualmente, encontram-se médicos e professores norte-coreanos a trabalhar em solo angolano. Questionada se Governo vai mandá-los de volta, a directora dos Assuntos Multilaterais do Mirex responde que “há uma lista publicada pelo CSONU em actualização permanente que define também este aspecto das sanções. Angola irá cumprir com o que estiver estipulado pelo regime de sanções”.

O Estado angolano tem acordos de cooperação, no domínio social e económico, com o regime comunista de Pyongyang. Uma comissão mista foi criada para impulsionar as relações. A maior parte dos documentos foi assinada na década de 1970 e 1980, quando, no país, vigorava o sistema político de partido único. Saúde, educação, agricultura, pescas, construção, ciência e tecnologias são as principais áreas de negócios entre os dois países. Técnicos norte-coreanos participaram, durante décadas, na construção de vários monumentos históricos em Angola, enquanto vários bolseiros angolanos se formaram em terras de Kim Jong-Un.

As relações passaram também a nível militar. Aliás, suspeitava-se que Angola teria comprado equipamentos militares, em 2011, a partir da Coreia do Norte, numa operação que envolveria a empresa Green Piane Associated Corp, que se encontra sob sanções da ONU, de acordo com um relatório de 2016 da organização. Em 2015, um jornal norte-americano, o ‘Washington Times’, publicou um artigo, acusando o Governo angolano de recorrer a instrutores militares da Coreia do Norte, para treinar um batalhão de Unidade de Guarda Presidencial, em Luanda, sendo estas informações que sustentam a acusação da ONU.

Valor Económico

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