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Sexta, 26 Mai 2017 13:52

Crise angolana sente-se também nos agentes funerários e na importação de urnas

Agentes funerários de Luanda queixam-se de limitações à importação de urnas, mas também admitem uma quebra na procura de caixões, apesar de os preços praticados, que começam nos 10.000 kwanzas (menos de 55 euros).

Junto ao cemitério de Santa Ana, arredores do centro de Luanda, Ângelo Firmino, um entre dezenas de agentes funerários que ali fazem negócio, junto à estrada de Catete, das mais movimentadas da capital, explicou à Lusa que a crise em que o país mergulhou desde finais de 2014 reflete-se cada vez mais também neste negócio.

Mesmo que, em tom de brincadeira, recorde que "todos morrem". "É que temos dias em que a clientela é boa e noutros ela é variável e a dificuldade tende a agravar-se porque aqui o mercado agora é muito concorrido e por semana podemos fazer apenas duas ou três vendas", explicou.

Conta que as vendas "reduziram substancialmente" em comparação com o mesmo período de 2016 e para agravar as dificuldades é agora cada vez mais difícil importar urnas, como alguns clientes preferem, dada a falta de divisas.

"O preço das importadas depende do luxo que o cliente deseja, a partir de 180.000 kwanzas [965 euros], mas agora a importação das urnas também está limitada", disse à Lusa o agente funerário.

Para tentar colmatar os dias de pouca procura, conta que a funerária que dirige faz serviços complementares, a par da comercialização de urnas, nos funerais que realiza.

"Estamos a viver períodos difíceis. Há semanas que passamos e que nem conseguimos comercializar qualquer urna. A crise afetou muito o nosso trabalho, não conseguimos adquirir novas viaturas, pago os custos de aluguer do espaço e ainda salários para 10 funcionários", começou por contar Salomão Vunge, há 12 anos no ofício.

De acordo com aquele empresário, que também trabalha junto ao cemitério de Santa Ana, os preços das urnas que vende variam entre 15.000 (80 euros) e os 50.000 kwanzas (268 euros), sendo que as urnas importadas são comercializadas "ao gosto do cliente", acima dos 100.000 kwanzas (536 euros).

"As urnas importadas são mais caras devido aos custos e às limitações de importação", apontou, justificando a diferença de preços para urnas praticamente iguais.

Já o vizinho Alberto Panzo, outro agente funerário, esclareceu à Lusa que apesar das limitações de importações de urnas, devido a carência de divisas, a produção nacional continua ser a preferência de muitos cidadãos, sobretudo devido aos custos.

"Urnas para adultos de produção nacional estão a custar aqui 45.000 kwanzas [241 euros]. Sobre as importadas, os preços discutimos com os clientes, mas temos de 95.000 kwanzas [510 euros] em diante", apontou, reconhecendo que o negócio está agora "mais fraco" e vende apenas "duas a três urnas" por semana.

LUSA

 

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