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Sábado, 31 Dezembro 2016 08:26

Angola é uma porta frágil onde entra todo o risco financeiro - BNA

O novo Governo do Banco Nacional de Angola (BNA), Valter Filipe, descreveu o ambiente sombrio do mundo dos negócios, dadas as fragilidades internas susceptíveis de colocar o país à margem do sistema financeiro mundial, numa altura em que o país está impedido de comprar dólares nos bancos correspondes dos Estados Unidos da América (EUA) e o Banco Central Europeu (BCE) não considera o BNA um banco central, o que eleva o risco de crédito a Angola.

Valter Filipe denunciou irregularidades no sistema financeiro que vão desde a incapacidade de o banco central exercer o seu papel de regulador com o devido rigor até à promiscuidade e atropelos à ética bancária pelos bancos comerciais, numa economia onde 70 por cento das empresas são de imigrantes de origem duvidosa e 90 por cento das empresas alimentares geridas por estrangeiros. 

“Angola é uma porta frágil onde entra todo o risco financeiro. O BNA não se posiciona como uma verdadeira autoridade que impõe sanções e responsabilidade aos infractores”, disse o governador.  

Para evitar que o sistema financeiro angolano seja atirado para o isolamento, o novo Governo do BNA aplica um pacote de medidas denominado Projecto de Adequação do Sistema Financeiro Angolano às Normas Prudenciais e Boas Práticas Internacionais. O novo instrumento alinha a prática bancária angolana com os mecanismos de controlo e supervisão do sistema financeiro internacional. Assim, o BNA procura impor-se como uma verdadeira autoridade de supervisão com capacidade para ditar regras de boas práticas aos bancos comerciais e outras entidades financeiras no sentido de evitar eventuais desvios de divisas.

Com as novas regras em mãos, a equipa de Valter Filipe tem negociado com o FED (banco central norte-americano) e o BCE apoio à normalização do sistema financeiro angolano.

A má gestão dos recursos públicos é uns dos fatores da crise econômica em angola

A execução da estratégia de saída da crise económica e financeira veio revelar fragilidades no que toca à gestão dos recursos públicos, nomeadamente na Sonangol e no Banco Nacional de Angola (BNA), onde os novos gestores mostraram que, além da baixa do preço do pretóleo, existem causas paralelas que contribuíram para o desequilíbrio orçamental. 

Na Sonangol, cujas perdas suplantavam os 34 por cento (acima de mil milhões de dólares), a Presidente do Conselho de Administração, Isabel dos Santos, denuncia uma gestão danosa da administração anterior, resumida a investimentos supérfluos, fora do âmbito do negócio da companhia, e desvios de fundos da empresa. 

Como resultado, a Sonangol prevê fechar as suas contas de 2016 com receitas brutas de 15.325 milhões de dólares, uma queda significativa em relação ao exercício financeiro de 2015 em que foram registadas receitas na ordem de 16.212 milhões de dólares. A dívida da empresa em 2016 está estimada em 9.851 milhões de dólares.  

As receitas brutas têm vindo a cair desde 2013, quando a companhia petrolífera arrecadou 40.070 milhões de dólares. Em 2014, este valor caiu para 24.657 milhões e, em 2015, para 16.212 milhões. Em Setembro de 2015, quando o Governo anunciou a reestruturação da companhia, as receitas com a exportação de petróleo caíram 44 por cento, face ao mesmo mês de 2014. A nova gestora baixou o custo de produção de petróleo para oito dólares por barril e incidiu os investimentos (3,3 mil milhões de dólares) em projectos de exploração e desenvolvimento, pondo fim às aplicações fora do seu “core business”, como vinha acontecendo. 

Isabel dos Santos direccionou a sua acção para a redução de custos por via de renegociação ou cancelamento de contratos, racionalização de gastos, dimensionamento correcto das operações e revisão da política de compensações.

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