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Domingo, 25 Dezembro 2016 23:32

Indivíduos aventureiros e mal-educados como Luaty Beirão, seja monitorizado

Os documentos reitores da actividade política e económica angolana destacam como uma das metas fundamentais do Governo a consolidação da paz e da reconciliação nacional.

Por José Ribeiro

Pode muita gente pensar que, catorze anos volvidos sobre a morte de Jonas Savimbi, o grande responsável da guerra em Angola, a estabilidade foi conseguida e, por essa razão, já não importa preocuparmo-nos com incidentes e conflitos.

Mensagem de harmonia expressa em dia de Natal

Infelizmente, as coisas não são assim. A morte de angolanos relacionada com a seita “Luz do Mundo” de José Kalupeteka, os incidentes na Ganda e noutras partes do país com a UNITA e o “caso Revus” provam que a necessidade de preservar a paz e a coesão nacional como bens preciosos deve ser uma constante na acção governativa. 

As festas de Natal deste ano são, em alguns pontos do mundo, marcadas por actos de terrorismo. Os atentados em Berlim e Ancara, o Brexit e a entrada em campo de Donald Trump trazem consigo o espectro de uma nova corrida aos armamentos. As grandes potências mundiais estão numa disputa intensa a um nível nunca visto desde o fim da Guerra Fria. A viragem da guerra na Síria e no Iraque aumentará a pressão sobre Israel, e isso não augura nada de positivo para o Médio Oriente. 

No meio deste cenário mundial, os organismos internacionais vocacionados para o diálogo e a cooperação multilateral, Nações Unidas e não só, surgem enfraquecidos. A incapacidade para exercerem o papel moderador que lhes está atribuído é notória.

A necessidade de alerta e de unidade cá dentro é, pois, indispensável, para que nunca mais estraguem o Natal dos angolanos. Mais necessário é ainda quando nos deparamos com um estranho posicionamento, adoptado por países que dizem ser nossos irmãos e parceiros, que deviam portar-se como tal, mas assim não fazem. 

Sucede isso, nomeadamente, com Portugal. Quarenta e um anos depois da independência de Angola, as elites portuguesas continuam a tratar-nos com má educação, como se ainda fôssemos seus escravos. A forma execrável como trataram Angola por causa do caso dos “Revus”, e em particular do cidadão português Luaty Beirão, investigado e acusado de crimes graves em Angola, é característica dessa atitude de Lisboa. As punhaladas portuguesas são históricas. A literatura de Aquilino Ribeiro ou Antero de Quental está cheia de exemplos das punhaladas dos “conterrâneos nobilitados que enriqueceram (no Brasil e em Angola) trocando as riquezas da sã consciência por outras que levam ao inferno”. Facilmente ao alcance, como é de ver, da deputada do PS Isabel Moreira, por ser filha de quem é, Adriano Moreira, antigo ministro do Ultramar.

É sabido que o grupo de indivíduos julgados pela justiça angolana,financiados pelo multimilionário George Soros, no qual se incluía o cidadão português Luaty Beirão, tinha como fim último mobilizar forças para a realização de actos de violência e de terrorismo muito semelhantes aos praticados em Paris, Nice, Berlim. Começaram por organizar manifestações selvagens que degeneraram em confrontos com a Polícia Angolana, que respondeu de maneira equilibrada, comparada com a intervenção musculada das forças da ordem na Europa. 

Mas, por ser Angola, Portugal voltou a julgar este caso de maneira diferente, com dois pesos e duas medidas, tal como o fez com Savimbi e faz sempre.Está provado que o cidadão português Luaty Beirão radicalizou-se no Reino Unido e em França para lançar a violência em Angola. A actividade em que se envolveu é típica de quem trabalha para a Open Society, de Soros, e serviços externos. A actual viagem do cidadão português à Europa, a coberto de uma campanha de propaganda mediática, destina-se apenas a receber o dinheiro pelos serviços que prestou a Soros.Cumpriu bem a missão. Por isso também foi à Suíça. Luaty não é nenhum filho do regime angolano, é um filho sem pai nem mãe, mal educado como os deputados da estirpe de Isabel que se metem na Esquerda sem esconderem a sua matriz pró-apartheid.

A Assembleia da República Portuguesa tem todo o direito de acolher de braços abertos o cidadão português Luaty Beirão. Tem até o direito de o receber com mais cordialidade do que tratou o Chefe de Estado angolano, alvo também da falta de educação recorrente dos nervosos deputados portugueses em relação aos estrangeiros.Mas quando a Assembleia da República Portuguesa e o Governo português apenas recebem bem os inimigos da paz em Angola não podem dizer  que as relações com Angola são fraternas. Aos irmãos não se apunhala pelas costas.

Nestes tempos, as punhaladas portuguesas não se limitam à AR. No ano de 2015, de grande significado para os angolanos, a empresa lusa Mota-Engil  foi contratada para reabilitar todos os passeios e ruas da cidade de Luanda. Durante as obras, a construtora vedou com alcatrão toda a rede de esgotos, sarjetas e valas de drenagem das ruas. Quando nesse ano as fortes chuvas chegaram, as ruas ficaram transformadas em rios e no sítio dos esgotos abriram-se crateras que ainda hoje se vêem. Com a acumulação de charcos e lixo, as condições de saúde na capital angolana degradaram-se. A cidade foi assolada por um surto de febre-amarela.A crise só foi ultrapassada com a substituição do governo provincial, mas serviu de base a uma reportagem asquerosa da SIC, televisão de outro multimilionário, Francisco Pinto Balsemão, que aposta igualmente na desestabilização de Angola. O canal enganou os telespectadores tratando o assunto como se fosse algo recente.

Em Portugal, depois da destruição das grandes parcerias com o BES e PT, prosseguem os ataques a outros interesses angolanos, agora com a desculpa de ser prejudicial uma “exposição a Angola”, bem vista apenas quando convém. Os cidadãos angolanos continuam a meter rios de dinheiro na economia portuguesa, mas nas lojas angolanas vendem-se cada vez mais produtos podres provenientes de Portugal. Os empresários desonestos até conseguiram impingir a colocação da tortuosa (para os pés) calçada portuguesa nos passeios de Luanda. 

São muitas, pois, as punhaladas pelas costas desferidas de Lisboa. O que é pena. Os dois países têm potencial para um relacionamento exemplar. Mas em dias de Natal como este, em que os tambores da guerra, da intriga e da mentira ouvem-se mais alto do que os apelos de Francisco, é bom recordar quem são os amigos da onça. 

O cuidado que o Governo angolano tem, portanto, em inscrever a preservação da paz e da reconciliação como meta fundamental da acção governativa, é inteiramente justificado.O tratamento da violência e do terrorismo deve ser igual, independentemente do ponto geográfico em que nos encontramos. Não admite excepções, porque tem a ver com a defesa da vida humana. Para segurança das populações e da propriedade e o funcionamento das instituições é fundamental que indivíduos aventureiros, radicalizados e mal-educados como Luaty Beirão, sejam monitorizados. Assim se faz partout dans le monde. 

Harmonia e Feliz Natal

Jornal de Angola

 

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