De acordo com uma fonte oficial do BPC, são poucas as agências que actualmente têm dinheiro nos balções.
Esta situação assume contornos mais sérios porque o BPC é o banco onde, preferencialmente, o Estado faz as transferências dos salários de largos milhares de funcionários públicos.
Numa ronda feita hoje pelo Novo Jornal nas agências 4 de Fevereiro, no Cazenga, Lara, no Zé Pirão, na Ingombota e 10 de Dezembro, na Mutamba, foi possível constatar a ausência total de movimento e os clientes que entravam, voltavam a sair depois de informados de que os cofres estavam vazios.
António Francisco, residente no município de Viana, disse ao NJ que está desde o dia 4 sem conseguir fazer o levantamento do seu salário porque nas agências que percorreu não encontrou dinheiro no balção.
"O meu salário já caiu há muito tempo, mas até hoje ainda não consegui fazer o levantamento, porque os funcionários dizem que não há dinheiro, só que a situação em casa começa apertar cada vez mais", lamentou o cliente de 45 anos.
Muitos clientes estão a pedir o cartão Multicaixa para deixarem de receber os seus salários no balção, acreditando que a situação estaria resolvida se o tivessem.
As dificuldades que os clientes do BPC estão a viver para efectuar levantamentos aos balcões aparenta estar relacionado com a falta de liquidez que a nova administração do banco, na sexta-feira passada, dia 7, admitiu existir.
A nova presidente do Conselho de Administração disse tratar-se de um problema que o banco enfrenta e uma componente que não poderia deixar de ser importante para resolver internamente.
Cristina Florência Dias Van-Dúnem falava aos jornalistas depois da tomada de posse do novo elenco directivo da instituição, numa cerimónia presidida pelo ministro das Finanças, Archer Mangueira.
Segundo a PCA do maior banco estatal angolano, o importante é que o trabalho feito até agora pela anterior administração seja levado para um outro nível, que se espera melhor.
"O BPC é uma instituição sistemicamente importante, tanto do ponto de vista daquilo que é a estabilidade, como do ponto de vista da condução da política monetária", salientou Cristina Van-Dúnem.
"E até agora os indicadores vão para além daquilo que se esperava e para que foi criada a comissão de reestruturação. É um grande desafio para os nossos técnicos que acabaram de assumir esta responsabilidade.
Nós vamos iniciar em princípio a nossa actividade a partir da próxima semana e nesta altura vamos começar por definir os objectivos", frisou.
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