Lázaro interpreta João Fraga, um mulherengo boa vida que se torna uma lenda ao entrar para o mundo do crime. O elenco conta ainda com os brasileiros Antonio Pitanga, Hermila Guedes e Maria Ceiça.
Ambientado em meados da década de 1970, o filme tem como pano de fundo a degradação do regime colonial de Angola, sob domínio português até 1975. A esfera política se inscreve discretamente na vida do protagonista, em suas aventuras sexuais e pequenos golpes.
Mesmo sem querer, Joãozinho, como é conhecido, torna-se uma figura incômoda e até subversiva dentro do esquema colonial. E, apesar de nunca tomar um posicionamento político, acaba tendo um papel na independência do país.
A exemplo de trabalhos anteriores, como “Madame Satã”, Lázaro se entrega de forma visceral ao personagem. Ele é carismático e assim dá para entender porque tanta gente se deixa seduzir pela sua conversa. Mas, dessa forma, seu personagem e sua interpretação soam deslocados, num filme um tanto moroso.
Existe um subtexto político que deveria remeter inclusive ao presente, porém, a narrativa é tão frágil que sobram apenas as boas intenções.
Dirigido pelo angolano Zezé Gamboa, o filme não encontra seu ritmo, com uma narrativa contemporânea de um homem mais velho para alguns jovens. Essas intervenções não dizem ao que vem, soando deslocadas.
Reuters Brasil