Os três jornalistas, Rafael Marques, Alexandre Neto e Manuel "Coque" Mukuta foram detidos por várias horas, depois de alegadamente terem sido agredidos, na sequência da libertação, por breves minutos, dos manifestantes detidos na quinta-feira na capital angolana.
"Aos três jornalistas em particular e aos restantes profissionais da imprensa, entre nacionais e estrangeiros, que nos últimos dias em Luanda foram molestados pela policia e impedidos de desenvolver normalmente a sua atividade, a direção do Sindicato quer nesta hora crítica manifestar a sua total e incondicional solidariedade em simultâneo com o mais veemente repúdio ao comportamento repressivo das autoridades", lê-se no comunicado do SJA enviado à Lusa.
A referência aos jornalistas estrangeiros diz respeito às ameaças de agressão e detenção feitas contra o delegado da Lusa em Luanda, e aos correspondentes das agências Reuters, Radio France Internationale e Agenzia Giornalistica Italia (AGI), quando cobriam o protesto antigovernamental convocado pelo Movimento Revolucionário Angolano, e considerado ilegal pelas autoridades.
Na ocasião, seis manifestantes e um sindicalista foram detidos pela polícia.
A situação envolvendo os três jornalistas ocorreu na sexta-feira, quando aqueles profissionais conversavam com os seis manifestantes entretanto mandados soltar por ordem judicial.
Na sequência da detenção por várias horas dos três jornalistas, os seis detidos voltaram igualmente a ser presos, situação em que se encontram ainda, disse hoje à Lusa o advogado David Mendes, da Associação Mãos Livres.
"A polícia não concordou com a ordem de soltura dada pelo juiz e voltou a detê-los", disse David Mendes à Lusa.
O SJA considera que o testemunho de um dos detidos, Alexandre Neto, "vem confirmar a total falta de garantias que o exercício da atividade jornalística tem em Angola, com uma tendência que se agrava sempre que os interesses do poder político estejam em causa".
"O Sindicato está assim convencido que é fundamentalmente política, a causa que está na origem de todo o tipo de violência direta e indireta, onde se inclui a censura e autocensura, que hoje condiciona fortemente a liberdade e o desempenho dos jornalistas e do jornalismo em Angola", lê-se no comunicado.
Aquando da libertação dos três jornalistas, a polícia apresentou desculpas pelo sucedido, mas o SJA diz que "não pode ficar indiferente e muito menos aceitar cínicos pedidos de desculpas pontuais por alegados excessos de zelo e outras explicações semelhantes que não fazem qualquer sentido e que atentam contra a nossa inteligência".
O SJA termina com o anúncio do "desencadeamento urgente" de uma campanha a favor do exercício seguro e livre da atividade jornalística em Angola e pretende informar oficialmente as organizações africanas e internacionais sobre o que se passa no país.
LUSA