"Mas tivemos vergonha? Tantos escândalos que não quero mencionar individualmente, mas que todos sabemos quais são... Escândalos que alguns tiveram de pagar caro. E isso está bem! Deve ser assim... a vergonha da Igreja", afirmou Francisco, de acordo com a Rádio Vaticano.
"Mas temos vergonha destes escândalos, destas derrotas de sacerdotes, bispos e laicos?", insistiu.
O papa argentino considerou que os responsáveis envolvidos nestes escândalos "não tinham uma relação com Deus. Tinham uma posição na Igreja, uma posição de poder e também de comodidade, mas não a palavra de Deus".
Na terça-feira, o Papa também denunciou, durante a homília na Casa de Santa Marta (no Vaticano), a "figura do cristão corrupto", ao falar de laicos, sacerdotes e bispos que se aproveitam da situação e dos privilégios.
O representante do Vaticano junto da ONU em Genebra, Silvano Tomasi, apresentou hoje perante a comissão das Nações Unidas para os Direitos da Criança a resposta da Igreja aos abusos sexuais de menores por padres e outros funcionários, afirmando não existir "desculpa possível" para estes casos.
Sem pormenorizar, Tomasi acrescentou que o Vaticano formulou "directivas" na matéria para facilitar o trabalho das igrejas locais. Estas últimas desenvolveram também recomendações para evitar abusos, disse, citando a Carta para a Protecção das Crianças e Jovens, adoptada pela Igreja católica norte-americana, em 2005.
Esta comissão da ONU dedica a sessão de hoje à avaliação do cumprimento pelo Vaticano dos compromissos assumidos com a ratificação da Convenção dos Direitos da Criança, em 1990, e os respectivos protocolos em 2000.
Lusa