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Terça, 17 Outubro 2017 19:16

Organizações alertam para "assustador" desemprego provocado pela crise em Luanda

Uma rede de organizações angolanas de combate à pobreza considera "assustador" o número de chefes de família que têm perdido os seus empregos, na província de Luanda, devido à crise económica e financeira que se arrasta desde 2014.

A situação foi hoje tema de um encontro organizado pela Rede Urbana de Luta Contra a Pobreza, realizado em Luanda no âmbito do Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, data instituída em 1992 pelas Nações Unidas.

O estado da pobreza em Luanda foi apresentado na palestra por Wilson Piassa, membro desta plataforma, existente há 12 anos e que integra 77 organizações de luta contra a pobreza em Angola.

Em declarações à imprensa, o responsável sublinhou, sem avançar números, a existência de "muitas empresas a fecharem e a diminuírem pessoal", devido à crise económica e financeira que o país enfrenta em resultado da baixa do preço do barril do petróleo no mercado internacional.

"Isso está a afetar as famílias, está a afetar a possibilidade de adquirirem a cesta básica e está a afetar na dieta de muitas famílias", referiu, defendendo para a inversão deste quadro a aplicação de "políticas mais atuantes e mais agressivas para a revitalização da agricultura".

Numa análise ao estado da pobreza em Luanda, Wilson Piassa considerou que houve nos últimos anos alguns avanços e recuos, com o crescimento populacional dos últimos anos na capital angolana a liderar em termos de retrocessos.

"Olhando para o crescimento populacional, tendo como base os últimos dados do censo, em 2014, podemos concluir que o crescimento populacional não tem sido proporcional ao crescimento da economia e isso faz com que tenhamos sempre um défice no provimento de serviços básicos, causando pressão aos meios disponibilizados à população", apontou.

A rede produz habitualmente relatórios anuais sobre a situação da pobreza em Luanda, com foco em cinco indicadores - densidade populacional, habitação, saneamento básico, acesso à terra e à água potável -, mas que este ano não será realizado por o país, ao fim de 38 anos, ter um novo Presidente, saído das eleições gerais de agosto.

"Neste ano decidimos não apresentar um estudo, porque temos um novo Governo e um novo Presidente e queremos aproveitar esta abertura que manifestaram para promover uma governação participativa e inclusiva, para apresentarmos aquilo que nós consideramos pilares fundamentais para que possamos combater a pobreza de forma eficaz", referiu, aludindo à posição assumida pelo chefe de Estado, João Lourenço, na sua tomada de posse.

Para o responsável, é importante que "essa linguagem de governação inclusiva e participativa não seja apenas um discurso ou uma retórica".

O acesso à terra é outra preocupação, e uma das mais importantes, segundo esta organização, que o considera como "um dos grandes desafios que o Governo deveria tratar nos próximos cinco anos".

"Se tivermos que olhar que os cinco indicadores que a rede trabalha, diríamos que quase nada tem sido feito, por exemplo no que toca ao acesso à terra. Muita gente que vive numa casa em Luanda não tem um título, não tem qualquer documento oficial que pode exibir para justificar que é sua propriedade e isso é mau, demonstra desorganização estrutural", frisou.

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