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Quarta, 04 Outubro 2017 17:02

Em Luanda "as pessoas passam fome, a Saúde é péssima, não há Educação", diz pesquisador

A investigadora francesa Chloé Buyre, que esteve em Luanda no período das últimas eleições gerais, apresentou, durante o colóquio "Angola 2017: A hegemonia do MPLA à prova das urnas", realizado ontem, em França, um retrato "muito deprimente" da capital do país, onde a fome, as doenças e a falta de educação são os traços dominantes.

Segundo Chloé Buyre, autora do estudo "The Dream and the Ordinary: An Ethnographic Investigation of Suburbanisation in Luanda" - em tradução literal O Sonho e o Comum: Uma Investigação Etnográfica dos Subúrbios em Luanda -, a capital do país apresenta um cenário desolador.

"Não vejo saídas. As pessoas passam fome, a Saúde é péssima, não há Educação e isso não muda. Em termos do dia-a-dia, eu estou desanimada, como qualquer angolano", apontou a investigadora francesa durante o colóquio "Angola 2017: A hegemonia do MPLA à prova das urnas", realizado ontem, em Paris, França, no Centre de Recherches Internationales (CERI) de Sciences Po.

Apesar de descrever um retrato "muito deprimente" de Luanda, Chloé Buyre, cuja última estada em Angola coincidiu com o período das eleições gerais, considera positivo o facto de estarem a surgir "novas perguntas e novos obstáculos" no país, no âmbito da transição política.

A especialista lamenta porém que o "sentimento de abertura" emergido durante a campanha eleitoral não tenha sido capitalizado nem pelos partidos da oposição nem pela sociedade civil.

Na leitura da investigadora, ambos os grupos foram incapazes de se "mobilizarem e fazerem aparecer um contra-discurso", o que ficou demonstrado pelo facto de até a palavra "mudança" ter sido apropriada pelo partido no poder.

"Para muitos, mudança significa mudança de regime, alternância, o MPLA tem que sair do poder. Mas, o próprio regime consegue transformar a ideia de mudança e dizer 'Não, a mudança tem de vir de dentro e nós representamos a mudança para Angola'. As próprias palavras, que poderiam exprimir um contra-discurso, estão reapropriadas pelo regime", sublinhou Chloé Buyre, citada pela agência Lusa. (NJ)

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