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Domingo, 29 Mai 2016 23:25

Em Angola a culpa é do "destino" quando uma mãe enterra duas crianças em oito dias

Isabel da Silva tem 26 anos e já foi mãe cinco vezes, tendo perdido este ano, numa semana, as duas mais novas, ainda com meses de vida, dando rosto às estatísticas sobre a mortalidade infantil que colocam Angola no fundo da tabela.

"É o destino", conta, algo conformada.

Nos musseques do bairro do Sambizanga, no centro de Luanda, a Lusa encontrou Isabel, vendedora de roupa numa loja, já de regresso ao trabalho. Há poucas semanas enterrou as duas meninas, de sete e 28 meses, que morreram nos braços da mãe, vítimas de malária das "febres" que atacam a capital.

"A morte neste país é normal", disse Dr. Bimjimba Norberto, que dirige uma clínica no musseque nos arredores da capital angolana. "Agora não há nada", disse Nambua, 73, acrescentando que a vida era melhor antes da independência em 1975.

"No período colonial, quando eu estava doente, eles tinham medo que eu morre e me dava boa assistência", disse ele, "Agora, quando estou doente, ninguém se importa se eu morrer."

Falando de uma Angola “irritantemente contraditória”, onde o regime “corrupto e autocrático” de José Eduardo dos Santos, alimentado pelas receitas do petróleo e diamantes, suporta o estilo de vida de uma pequena elite milionária.

“O petróleo e os diamantes dão-lhe uma riqueza que é rara na África subsariana, e vemos ricos em joalharias, champanhes e apartamentos de duas assoalhadas em Luanda que custam USD 10 mil por mês”.

“Existem muitas formas de um líder matar o seu povo, e apesar de Dos Santos não estar a cometer genocídio, está a presidir ao roubo sistemático do seu Estado e ao negligenciar do seu povo. Cento e cinquenta mil crianças angolanas morrem todos os anos. Vamos responsabilizar Dos Santos e reconhecer que a corrupção extrema e a negligência podem ser consideradas atrocidades enormes” disse Nambua.

 

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