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Quinta, 11 Fevereiro 2016 14:40

Governo de Salvação Nacional é "sondagem de popularidade"

Em nova sessão do julgamento dos 15+2, declarantes esclarecem que só tiveram conhecimento de suposto Governo de Salvação Nacional através da Internet. Entretanto, questionam a forma como foram notificados.

Esta quarta-feira (10.02), o Tribunal Provincial de Luanda continuou a ouvir personalidades angolanas, cujos nomes figuram na lista de um alegado Governo de Salvação Nacional, usado como prova contra os 15+2 ativistas, acusados de atos preparatórios de rebelião.

A audiência começou atrasada, por volta do meio-dia. A polícia justificou a demora com as inundações nos bairros de alguns dos ativistas em prisão domiciliária. Desde segunda-feira que chove intensamente na cidade de Luanda.

O nacionalista Ngola Kabangu foi um dos sete declarantes ouvidos, além do político da União Nacional para a Independência Total de Angola Adriano Sapiñala, o historiador Patrício Batsîkama, o professor universitário Carlinhos Zassala, o engenheiro agrónomo Fernando Pacheco, o economista Carlos Rosado de Carvalho e o rapper MCK.

Todos disseram o mesmo: Só tiveram conhecimento do alegado Governo de Salvação Nacional através da Internet.

"Sondagem de popularidade"

"Achei que aquilo era uma brincadeira de mau gosto, porque eu sou um cidadão sério, um nacionalista, que tem meios próprios para combater democraticamente", disse aos jornalistas Ngola Kabango, dirigente histórico da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e nomeado na lista do suposto Governo para chefiar a pasta dos Antigos Combatentes.

O economista Carlos Rosado de Carvalho, proposto na lista como ministro da Economia, salientou que não é preciso muito para se concluir que o suposto Governo de Salvação Nacional é um "embuste".

"Qualquer investigação mínima que se tivesse feito acerca deste Governo de Salvação Nacional, a conclusão a que chegariam rapidamente é que ele é um embuste. Não existe. Foi inventado por alguém que não as pessoas que supostamente fazem parte desse Governo", disse o também diretor do jornal Expansão.

Esta semana, o jurista Albano Pedro, apontado no processo como o autor do Governo de Salvação Nacional, já havia dito ao Tribunal Provincial de Luanda que a lista resultou de um debate nas redes sociais.

"Não havia nenhuma intenção de se criar uma lista como tal e nem havia a ideia de se criar um Governo e a chamada lista, desse Governo de Salvação, foi-se formando espontaneamente, porque foram vários internautas que foram contribuindo", explicou.

O rapper MCK, sugerido como ministro da Cultura, considera que a lista é, no fundo, uma "sondagem de popularidade" - "Acho que o meu nome vai lá parar nesses termos", declarou à imprensa, frisando que não teve qualquer responsabilidade na escolha do rol de nomes do alegado Governo.

Notificação através de edital?

Entretanto, MCK questiona a forma como foi notificado pelo tribunal. "Nunca recebi notificação pessoal. Recebi uma identificação abusiva, no meu ponto de vista, em edital, tanto no Jornal de Angola como na Televisão Pública de Angola. Digo abusiva porque carecia de alguma diligência do próprio tribunal, porque somos pessoas localizáveis e super comunicáveis. Seria de bom trato que fosse a título pessoal."

O nacionalista Ngola Kabangu partilha as críticas do rapper: "O tribunal tem mecanismos próprios", comentou. "Como leio o Jornal de Angola todos os dias, tomei conhecimento e apresentei-me. Só hoje é que fui notificado."

DW Africa

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