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Terça, 01 Dezembro 2015 17:05

Imagem de Angola danificada pela crise e conflitos sociais

Apesar das frequentes acusações de corrupção ao mais alto nível, Angola conseguiu nos últimos anos manter uma imagem externa de respeito. Na região e para além dela, o país era visto como uma potência económica emergente e um ator diplomático importante nos Grandes Lagos ou no Golfo da Guiné. Mas a crise e a contestação social, duramente abafada, vieram deitar por terra essa imagem.

Uma “bandeira” da imagem de poder que Angola projetou nestes últimos anos foram as aquisições internacionais da Sonangol ou de Isabel dos Santos. Também o projeto do AngoSat 1, o satélite que o país iria enviar para o espaço serviu para dar a imagem de um país em afirmação. Entretanto, instalou-se a crise causada pela baixa dos preços do petróleo, o dinheiro começou a escassear e logo mudou o ambiente político-diplomático regional e internacional em relação a Angola.

De acordo com o Africa Monitor Intelligence, a mudança de ambiente é visível em tomadas de posição cada vez menos contemporizadoras ou mesmo severas para o regime angolano por parte de organizações internacionais e governos. A atitude reverente antes observada por outros países africanos em relação a Angola também se considera que esmoreceu.

Outras consequências são o cunho mais reprovador com que os media internacionais abordam a situação em Angola, por exemplo no “caso dos 15” de Luaty Beirão. As ONG’s dedicadas ao acompanhamento da situação dos direitos humanos em Angola, antes muito manietadas nas suas iniciativas no plano internacional, encontram agora campo aberto à sua acção.

Segundo o AM Intelligence, o principal factor para a degradação da imagem do país foram as grandes fragilidades económicas reveladas pela crise dos preços do petróleo. Mas também causaram embaraços aos parceiros externos de Angola as políticas repressivas pelas quais as autoridades enveredaram com a finalidade de prevenir ou conter nefastos efeitos sociais da crise.

A crise demonstrou que a pujança económica de Angola era meramente aparente; dependia quase completamente de um único recurso, o petróleo. O estado de grande incipiência dos restantes sectores da economia não permitiu compensar as perdas do petróleo.

AM

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