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Quinta, 26 Novembro 2015 15:48

MC Kappa consegue autorização do governo angolano e embarca para festival no Brasil

O rapper angolano MC Kappa, atração principal do Festival Terra do Rap, que acontece nesta quinta-feira (26) no Rio, conseguiu uma liminar e embarcou no único voo que saiu de Angola nesta manhã.  “A vinda do MCK significa um recuo do regime, mas ainda é uma pequena vitória diante do que o Angola passa nessa Ditadura. Ele é um cara relevante na história da cultura hip hop e no rap lusófono, que é o tema central do nosso festival”, diz Vinicius Terra, um dos criadores e curador do evento.

Entenda o caso:

MCK foi impedido de embarcar nessa terça-feira (24) no Aeroporto Internacional de Luanda, capital de Angola, e teve o passaporte apreendido por “ordens superiores”. “Passaporte em dia, visto em dia, bilhete em dia... O único crime é pensar diferente. Viva Angola! Viva a paz! Viva os 40 anos de independência!”, escreveu o artista no Facebook. O rapper, de 34 anos, é formado em filosofia e autor de letras que contestam o regime angolano no álbum É Proibido Ouvir Isto, tendo recentemente atuado em defesa dos ativistas detidos desde junho acusados de crime de rebelião.

"Os ativistas cívicos aqui em Angola são muito perseguidos. Já tive espetáculos impedidos. Enfim, sou um reincidente a proibições", disse ele, que já recorreu a um advogado. "Vou apresentar uma queixa contra a direção dos serviços de migração porque eu viajaria para um show com as despesas já todas pagas, passagem e custos de hotel. Vou tentar saber o que posso fazer. Se tenho de apresentar uma queixa ou se os serviços de migração vão se responsabilizar pelo meu embarque".

Sem qualquer processo judicial em curso, é a primeira vez que MCK foi impedido de viajar. Mas identifica “um longo histórico de violação de direitos”, não só próprios como de pessoas de diversas formas ligadas à sua música, como relata sobre o assassinato de Arsénio Sebastião, em 2003. O jovem de 27 anos cantava a canção A Téknika, as Kausas e as Konsekuências, de MCK, quando foi morto pela guarda presidencial. Desde então, MCK teve álbuns apreendidos, espetáculos interditados, a casa arrombada, o carro vandalizado e ameaçãs de todos os tipos. Nem assim deixou de constestar e defender publicamente a liberdade dos 17 ativistas ainda em julgamento por 'atos preparatórios' de rebelição e atentado contra o presidente José Eduardo dos Santos.

"Um estado democrático não teme a denúncia. Aproveita todas as ideias que concorrem para um bem comum. Não tenho medo, apenas tenho a plena consciência de exercer os meus direitos de cidadania”, finaliza MCK.

Época Brasil

 

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