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Quinta, 05 Novembro 2015 21:10

Morte de três jovens pela polícia em Benguela está a ser investigada

Disputa de terras terá estado na origem da morte de três jovens envolvidos num tiroteio com a policia no sábado (31.10), em Benguela.

Passados quatro dias desde a morte dos três cidadãos por efetivos da policia nacional e das forças armadas angolanas, os familiares das vitimas ainda não tiveram acesso aos corpos dos seus ente-queridos.

O diretor do gabinete de estudo, informação e análise do Comando Provincial da Polícia nacional em Benguela, superintendente Vicente Nogueira, alega que os efetivos dispararam contra os populares em legitima defesa.

O incidente deu-se no bairro Viva a Paz, na cidade de Benguela, no sábado, e segundo a versão oficial das autoridades policiais e do Governo da província, a intervenção da polícia ficou a dever-se à ação de “um grupo de cerca de 100 populares que tentavam construir numa área vedada, destinada a um mercado informal”.

Os populares, na versão do superintendente, “reagiram com paus, catanas e o arremesso de pedras, levando os agentes a abrir fogo". Os disparos da policia mataram três jovens, com idades entre os 26 e os 28 anos.

Por outro lado, os que sobreviveram dizem que a policia está a mentir, “eles é que começaram a disparar sobre nós”, disse à DW África uma das testemunhas.

As famílias das vitimas vão ser representadas pelos advogados da "Associação Mãos Livres”, David Mendes e Francisco Viena, uma organização cívica que presta apoio jurídico a pessoas com baixos rendimentos.

Em conferência de imprensa, David Mendes que manteve nesta terça-feira (03.11)uma reunião com o Procurador-Geral da República adjunto em Benguela, para falar sobre este assunto, disse estar-se diante de um assassinato protagonizado pelas forças da ordem: “Estamos numa situação em que a policia e o exército estão envolvidos num crime de assassinato. Isso não pode ficar impune, caso contrário vai começar a existir outros casos.”

O advogado e dirigente da associação acusou as autoridades policiais de pretenderem forjar provas para sustentar a tese de legítima defesa,"agora a polícia está a dizer que foi em legítima defesa, não houve legitima defesa.” Está-se a passar uma versão diferente dos factos, segundo o advogado “a polícia é que foi ao local impedir as pessoas de trabalharem nas construções que estavam a ser erguidas.”

Mendes estranha ainda a presença dos efetivos das Forças Armadas Angolanas no local do incidente: “Questões de litígio não justificam a utilização de armas de fogo porque a administração tem mecanismos de embargo de obras que é frequente aqui nesta província. Não é exceção. Então como vão justificar a intervenção dos militares? Esses militares não estavam mandatados,” conclui o advogado.

DW Africa

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