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Quarta, 07 Outubro 2015 20:25

Encarecimento do custo de vida em Luanda poderá gerar mais ondas de protesto

Em Angola, o custo de vida está a subir de forma acelerada. A situação começa a ficar insustentável. Os analistas preveem um maior descontentamento popular semelhante às manifestações realizadas na segunda-feira.

A semana começou com protestos e imagens chocantes de destruição de viaturas e queima de pneus nas ruas da capital angolana, devido à atual crise financeira que tem levado à penúria e à degradação social e económica da maioria dos angolanos.

Recorde-se que Luanda é também a capital mais cara do mundo para expatriados, de acordo com um relatório divulgado, em junho, pela consultora norte-americana Mercer que a classificou como a cidade mais cara pela terceira vez consecutiva. Por exemplo no sector de habitação as rendas poderão atingir os 11 mil euros ao mês para quem vem de fora.

Num país com uma economia dependente do petróleo, a situação começa a ficar extremamente complicada para a população local, sobretudo os mais carenciados, que nas ruas de Luanda de forma aberta já começam a pedir para que o MPLA abandone o poder.

O titular do governo angolano, José Eduardo dos Santos, demonstra impotência em honrar os compromissos assumidos com as empresas privadas e já começa a ter muitas dificuldades em pagar os salários dos funcionários públicos.

Descontentamento da população pode gerar mais manifestaçôes

O protesto desencadeado pelos taxistas, na última segunda-feira, que reclamam questões como a falta de paragens e o elevado nível de corrupção no seio dos agentes de trânsito, são os primeiros sinais de descontentamento da população. O protesto rapidamente ganhou outros contornos, havendo registos de violência e detenções.

Se a atual situação não for alterada rapidamente, a qualquer momento, o país poderá testemunhar um descontentamento popular generalizado, notam observadores atentos na capital angolana que seguiram de perto os incidentes registados na manifestação de taxistas da última segunda-feira.

O estudante, Miguel Natal, questiona as razões que levaram o Presidente angolano a comprar uma aeronave no valor de 62.5 milhões de dólares americanos quando o país já se encontrava numa situação de fragilidade económica, “o José Eduardo vai á China comprar um aparelho mais caro do mundo e depois ficamos em crise” diz o jovem nas ruas de Luanda.

Outros exemplos do género são criticados por uma grande maioria da população, cujo poder de compra diminuiu drasticamente na sequência da crise que se instalou no país provocada nomeadamente pela baixa do preço de petróleo no mercado mundial.

O país deve tomar medidas antes que seja tarde demais

Para o economista Filomeno Vieira Lopes, é urgente que o país tome algumas medidas macroeconómicas antes que seja tarde de mais.

Segundo o economista “se não se tomarem medidas no que diz respeito à prevenção dos meios públicos e das finanças públicas e se não se tomarem medidas também no sentido de se melhorar as importações existem muitas dúvidas se a economia não vai parar”.

O economista fala ainda de uma gestão criminosa da máquina pública por parte do Governo de José Eduardo dos Santos, tendo acrescentado que as autoridades devem urgentemente tomar medidas radicais para pôr cobro ao ciclo de enriquecimento ilícito que se constata no seio da elite dirigente angolana.

Para Vieira Lopes o país está “perante uma situação difícil que se vai agravar porque o serviço público não está a ser pago, os polícias não são pagos, a corrupção esta a aumentar em vez de diminuir e o único caminho, que existe para solucionar o problema, é a intervenção das centrais sindicais para combaterem isso.

DW Africa

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