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Segunda, 23 Fevereiro 2015 08:28

Adolescentes angolanos são 'resgatados' de sítio em Pouso Alegre (Brasil)

Local é administrado por uma associação internacional que se diz religiosa.

Quarenta e cinco adolescentes, entre eles oito angolanos, foram retirados pelo Conselho Tutelar de um sítio em Pouso Alegre (MG) na noite de sexta-feira (22). O local, administrado pela Associação das Famílias para a Unificação e Paz Mundial, uma entidade que se diz religiosa e sem fins lucrativos, apresentava condições inadequadas, com muita bagunça e sujeita. A suspeita é de que os menores eram explorados para trabalhar.

(Correção: Diferente do que o Conselho Tutelar informou inicialmente, são oito adolescentes angolanos e não 12. A informação foi corrigida no texto às 17h26.)

A ação ocorreu após uma denúncia de um grupo havia sido visto vendendo chaveiros nas ruas de Congonhal (MG), como explica o conselheiro tutelar Eduardo Lúcio Pereira.

"Oito adolescentes se encontravam no município vizinho, em Congonhal (MG). Eles estavam comercializando chaveiros na cidade. Quando eles foram abordados pela Polícia Militar e pelo Conselho Tutelar de lá, eles informaram que estavam num alojamento no município de Pouso Alegre", contou Pereira.

Os menores estão abrigados na Escola Municipal CAIC São João, em Pouso Alegre. Funcionários da Prefeitura e do Conselho Tutelar estão cuidando dos jovens e da organização do local. Apesar de nenhum dos adolescentes ter apresentado sinais de lesão corporal, quatro deles foram levados para o Pronto-Socorro com quadro de  desidratação. Para Marco Aurélio da Silva, Secretário de Desenvolvimento Social, a medida protege os adolescentes.

"Então não tinha condições pra que eles permanecessem no mesmo local em que eles estavam, nesse sítio. Então o município entendeu que aqui na escola é um lugar muito melhor, que eles estariam mais seguros", disse o secretário.

Documentos irregulares

Entre os menores, oito vieram de Angola, na África. Eles disseram ao Conselho Tutelar que vieram ao Brasil para estudar, mas apenas quatro deles apresentaram visto de estudante. Os outros menores tinham documentos assinados pelos pais, sendo que um dos documentos autorizava que o jovem ficasse aos cuidados da associação, enquanto outro permitia a participação em atividades para arrecadação de fundos. No entanto, quando questionados sobre os adolescentes, os representantes da associação não quiseram comentar o assunto, nem falaram se os menores estavam estudando.

"A gente não tem essa informação, porque eles dizem que pertencem a uma associação e que essa associação é que é responsável por tudo o que diz respeito a cada um deles, inclusive à questão escolar", explicou o conselheiro tutelar.

O Secretário de Desenvolvimento Social diz ainda que vai ser necessário que os documentos corretos sejam apresentados para que os jovens sejam liberados.

"A liberação dessas crianças é a cargo do Conselho Tutelar do nosso município. Se eles entenderem que a documentação está correta, está em dia, elas serão liberadas. As que não estiverem, permanecerão aqui no município até que a associação apresente a documentação de cada uma delas", afirmou Marco Aurélio.

As três pessoas responsáveis pela sede da associação em Pouso Alegre foram ouvidas pela Polícia Civil e liberadas. Na segunda-feira (23), a denúncia será levado ao juiz da Vara da Família da cidade.

G1

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