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Segunda, 03 Novembro 2014 10:11

Tragédia dos Combatentes deixa cinco órfãos

A Polícia diz que neste caso as coisas se explicam por si, não hevendo necessidade de mais investigações. Familiares dizem não saber das reais razões para que Gildo disparasse contra Vilma e Nkruma e se suicidasse de seguida. Uma família fala em 3 semanas de separação, a outra diz que são 2 anos

A morte dos jovens Gildo Paulo Bartolomeu e Nkruma Machel Pereira Lopes, ocorrida por volta das 22horas de Sexta-feira, 24, na Avenida dos Combatentes, no São Paulo, deixou cinco crianças órfãs, das quais, três são filhos do primeiro e duas do segundo.

Três crianças (de 10, seis e dois anos) ficaram privadas do convívio com o seu progenitor Gildo Bartolomeu, depois deste ter disparado contra Nkruma Lopes (que deixa duas filhas) e Vilma Cerqueira, a mulher que jurou amar e ser fiel perante Deus e a sociedade há mais de dez anos, e se suicidado de seguida.

Segundo apurou O PAÍS, o casal vivia na centralidade do Kilamba e se separaram havia menos de três semanas, a contar da data do infausto acidente, em função de uma briga no lar. Contrariamente as informações postas a circular nas redes sociais que devam conta de que estavam separados há dois anos.

Uma fonte ligada à família de Gildo afirmou que ainda este ano o casal reuniu os amigos e colegas de serviço para comemorarem o 10º aniversário de casamento, em casa do irmão mais velho do malogrado.

Em consequência da briga, cujas causas só a jovem Vilma Cerqueira que se encontra a receber cuidados médicos numa das unidades hospitalares é que poderá dizer, o autor das mortes mudou-se temporariamente para o bairro Popular.

Ainda surpreendidos com o acto perpetrado pelo então funcionário da Direcção Nacional de Impostos do Ministério das Finanças, destacado no projecto Executivo da Reforma Tributaria, centenas de pessoas (entre familiares, amigos e colegas do serviço) se reuniram esta Terça-feira, 28, no cemitério da Santa Ana para lhe renderem a última homenagem.

Na residência dos pais de Nkruma Lopes, 38 anos, onde decorre o óbito, o ambiente de tristeza e dor ainda reina entre os presentes, que se viram obrigados a enterrar o seu filho neste mesmo dia, no cemitério do Altos das Cruzes.

O malogrado deixou duas filhas, uma está no exterior do país e outra em Luanda. Ele e Vilma Cerqueira, filha do comissário Eduardo Cerqueira (actual comandante da Polícia Nacional no Bié), trabalhavam no Banco Millennium Angola.

Contactado por este jornal, nesta Quinta-feira, 30, o vice-governador do Banco Nacional de Angola, André Lopes (pai de Nkruma) autorizou os filhos a concederem uma entrevista, mas não foi possível fazê-la por eles alegarem desconhecer o real motivo do crime.

Já os parentes do autor dos disparos que abalaram o país se recusaram a prestar qualquer informação e a permitir que se fotografasse a mesa de condolências, que se encontra exposta no quintal da casa onde decorre o óbito.

Mas ficou patente a certeza de que para além de os dois jovens (Nkruma Lopes e Gildo Bartolomeu) terem alegadamente nutrido amor ou paixão por Vilma Cerqueira, como se ventilou nas redes sociais, não só morreram no mesmo dia, no mesmo local e na mesma hora, como também tiveram o funeral marcado para o mesmo dia e à mesma hora, só que em cemitérios diferentes.

A noite do crime

Na manhã desta Segunda-feira, a nossa equipa de reportagem encontrou ainda o sangue das vítimas no chão, coberto por areia, na Avenida dos Combatentes. Ao ser informado que estava diante de jornalistas, Manuel Adão, o segurança de um estabelecimento comercial, situado junto a entrada do edifício onde residia Nkruma Lopes, prontificou-se de imediato a contar o que se havia sucedido por volta das 22 horas de Sexta-feira.

Segundo ele, Gildo chegou ao local mais cedo e, como aparentava ter a certeza de que Vilma iria ter como o suposto namorado (diz-se agora) aguardou pacientemente. Assim que a viu no interior do veículo e a conversar com Nkruma (que estava junto a janela do lado direito do carro, mas fora deste) dirigiu-se para lá.

Ele posicionou-se atrás dele e questionou a senhora se era esse o homem com quem o estava a trair e, de seguida, disparou um tiro em direcção ao seu ombro esquerdo dela. Sem lhe dar tempo de reagir. Depois, virou a arma em direcção ao suposto namorado de Vilma e premiu o gatilho. Ao vê-los a sangrar, ela no interior da viatura e Nkruma no chão, levou a pistola ao seu próprio queixo e disparou.

A notícia sobre o caso se espalhou pela zona e as pessoas acorreram para se inteirarem sobre o que se estava a passar. Graças a pronta intervenção dos efectivos da Polícia Nacional Vilma Cerqueira foi transferida para o um hospital de Luanda, onde se encontra a receber cuidados médicos.

Polícia confunde opinião pública

O porta-voz do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, Mateus Rodrigues, confundiu a opinião pública ao anunciar, nesta Segunda-feira, 27, no balanço da “Operação Kutululuka” que Vilma havia sucumbido.

Não se sabe se terá sido com base nas informações que circularam nas redes sociais, mas o inspector-chefe disse que o crime homicídio passional (seguido de suicídio) fora antecedido de várias ameaças proferidas pelo autor dos disparos contra a sua amada.

Disse que o casal já estava separado havia dois anos e Gildo Bartolomeu teria agido daquela maneira por não se ter conformado com a perca da mãe dos seus filhos. Atendendo às circunstâncias do crime, concluiu que o mesmo estava explicado e não carecia de investigação.

Na manhã seguinte, Terça-feira, Mateus Rodrigues, corrigiu-s em entrevista ao programa Kiandando, da Rádio Luanda, afirmando que Vilma estava em vida e o seu estado inspirava cuidados médicos.

O PAÍS

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