Sábado, 20 de Abril de 2024
Follow Us

Sexta, 25 Outubro 2013 23:10

Policia Brasileira acusa general angolano Bento Kangamba de tráfico de mulheres

Chamado de 'tio Bento' ou 'tio Chico' pelos integrantes da quadrilha, o general é casado com uma sobrinha do presidente de Angola Chamado de 'tio Bento' ou 'tio Chico' pelos integrantes da quadrilha, o general é casado com uma sobrinha do presidente de Angola

Na operação contra esquema internacional de prostituição, parente do presidente de Angola teve prisão decretada pela Justiça brasileira

A Polícia Federal (PF) acusa um parente do presidente de Angola de chefiar esquema internacional de tráfico de mulheres do Brasil para África do Sul, Portugal, Angola e Áustria.

A Polícia Federal (PF) acusa um parente do presidente de Angola de chefiar esquema internacional de tráfico de mulheres do Brasil

O Estado apurou que, na Operação Garina deflagrada na quinta-feira (24), a PF pediu e a Justiça concedeu a prisão do general Bento dos Santos Kangamba, caso ele desembarque no Brasil, e incluiu seu nome e o de um comparsa na lista de procurados da Interpol.

Chamado de “tio Bento” ou “tio Chico” pelos integrantes da quadrilha, o general é casado com uma sobrinha do presidente de Angola, José Eduardo Santos, no cargo desde 1979.

O general é dirigente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), mesmo partido do presidente, e tem influência no governo por meio de sua mulher, uma filha de Avelino dos Santos, irmão do presidente.

Presidente do grupo Kabuscorp, um complexo industrial com sede em Angola, o general também é influente no mundo dos negócios.

Kangamba é o maior patrocinador do Vitória Sport Clube, da primeira divisão de Portugal, e tem, ainda, um time de futebol no país africano. Duas atividades usadas na lavagem de dinheiro do crime organizado.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o braço do esquema do general no Brasil é Wellington Eduardo Santos de Sousa, que a PF identificou nos relatórios de inteligência como Latino, um ex-pagodeiro da banda Desejos.

Em um ano de investigação, a PF descobriu que a quadrilha aliciava mulheres em casas noturnas paulistanas no bairro de Indianópolis, zona sul de São Paulo, mediante promessa de pagamento de US$ 10 mil para se prostituírem pelo período de uma semana para clientes de elevado poder econômico.

Modelos de capas de revistas masculinas e que participavam de programas de TV receberam até US$ 100 mil para se relacionar sexualmente com o general.

Há fortes indícios de que parte das vítimas foi privada temporariamente de sua liberdade no exterior e obrigada a manter relações sexuais sem preservativos com clientes estrangeiros. Para essas vítimas, os criminosos ofereciam um falso coquetel de drogas antiaids.

Foram cumpridos ontem 16 mandados judiciais: 5 de prisão e 11 de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, São Bernardo, Cotia e Guarulhos.

A PF apreendeu 11 carros de luxo, 23 passaportes, 9 cópias de passaportes, 14 pedidos de visto para Angola, moeda estrangeira e drogas.

Luxo

Segundo a PF, a organização movimentou US$ 45 milhões com o tráfico internacional de mulheres desde 2007.

O enriquecimento da família do presidente de Angola tem sido noticiado em todo o mundo.

A filha do presidente, Isabel dos Santos, foi apontada pela revista americana Forbes como a mulher mais rica e poderosa da África.

A revista noticiou que a fortuna tem origem em corrupção: ela fica com uma parte de empresas que querem estabelecer-se em Angola e recebe comissão em troca da assinatura do pai numa lei ou decreto.

Em julho, a imprensa de Portugal noticiou que Kangamba comprou uma casa de 12 milhões nos arredores de Madri, no mesmo condomínio em que mora o jogador Cristiano Ronaldo. O nome da operação, Garina, significa menina na gíria de Angola.

A Embaixada de Angola no Brasil foi procurada, mas não respondeu à ligação.

Colaborou Bernardo Caram

Rate this item
(0 votes)