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Terça, 23 Outubro 2018 18:14

Companhia espanhola ofereceu prendas a dirigentes angolanos

A companhia espanhola Mercasa, acusada de envolvimento num enorme caso de corrupção em Angola entregou presentes a dirigentes angolanos para facilitar o contrato de 550 milhões de dólares para a construção de um mercado de abastecimento em Luanda que nunca foi implementado.

A Mercasa está a ser alvo de uma investigação criminal em Espanha mas a própria companhia que é controlada em 49% pelo estado espanhol pediu uma auditoria forense às suas contas.

Correios eletrónicos detectados pela auditoria revelam que foram dadas várias prendas a dirigentes angolanos com o objectivo de facilitar o contrato de centenas de milhões de dólares e que nunca foi implementado.

Um dos e-mails fala da “conveniência em oferecer uma caneta MontBlanc a seis cargos públicos de Angola no valor total de 3.600 Euros aproximadamente”.

O homem que sugeriu as ofertas foi Guilherme Taveira que se encontra fugido da justiça espanhola em Angola e que terá recebido comissões milionárias para o contracto da construção do mercado que nunca foi construído.

Um e-mail disse que foi Taveira quem “sugeriu” as ofertas das canetas MontBlanc como “algo muito oportuno e conveniente”.

As canetas deveriam ter os nomes e cargos das personalidades que as receberam que o jornal disse serem “o ministro da economia, das finanças, a ministra do comércio e outros dois vice ministros” e ainda uma pessoa identificada como “ministra da província de Luanda”. Não foram revelados nomes.

Taveira enviou também uma conta á Mercasa de gastos com prendas feitas a pessoal do Programa de Restruturação do Sistema de Logística e de Distribuição de Produtos Essenciais à População (Presild) que incluíram “uma câmara, um perfume, um medalhão, viagens e gastos de hospedagem a funcionários angolanos no valor de 19.672 Euros”.

Outros e-mails revelam que um funcionário da Presil foi agraciado com uma prenda da “Louis Vitton Madrid” no valor de 940 Euros.

O suposto mercado abastecedor de Luanda foi anunciado em 2013 pela ministra do Comércio Rosa Pacavira, mas não terá passado de uma remodelação de um espaço aberto no Quilómetro 30, em Viana, arredores de Luanda.

Em Fevereiro de 2016, o então governador de Luanda anunciou que o espaço iria ser apenas requalificado.

Os investigadores espanhóis querem saber onde foram investidos cerca de 550 milhões de dólares.

O jornal El Mundo escreveu no final do ano passado que a Mercasa teria subornado o antigo vice-ministro do comércio Manuel Cruz Neto e que teria também pago uma comissão de dois por cento sobre os 533 milhões de dólares do total contratado à Fundação Eduardo dos Santos (FESA).

A Fundação negou veementemente ter recebido qualquer pagamento da Mercasa.

Guilherme Taveira Pinto é actualmente procurado pela justiça espanhola pelo seu envolvimento no desvio de fundos e pagamento de subornos.

Taveira Pinto é também procurado pelo seu envolvimento num outro caso envolvendo a venda de material de polícia a Angola no valor de 152 milhões de euros, dos quais pelo menos 60 milhões foram desviados para contas pessoais de entidades espanholas e angolanas

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