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Quarta, 17 Outubro 2018 18:29

Mais de 261 mil ilegais deixaram Angola voluntariamente desde 25 de setembro

A polícia angolana anunciou hoje que, desde o início da "Operação Transparência", a 25 de setembro, já "abandonaram" o país 261.713 cidadãos estrangeiros em condição irregular, maioritariamente das províncias fronteiriças com a República Democrática do Congo (RDCongo).

Os dados foram avançados pelo porta-voz da operação, comissário António Bernardo, num comunicado destinado a fazer o balanço da visita de uma delegação multissetorial dos órgãos de defesa e segurança a vários municípios das sete províncias onde decorrem as ações de fiscalização - Lunda Norte, Lunda Sul, Malanje, Moxico, Bié, Uíge e Zaire.

A operação envolve efetivos da Polícia de Guarda Fronteiras, do Serviço de Investigação Criminal e do Serviço de Migração e Estrangeiros, entre outros órgãos afetos ao Ministério do Interior, e visa pôr cobro a "atos sistemáticos de violação das fronteiras do país e da entrada e exploração ilegal de diamantes".

As autoridades já encerraram 67 cooperativas que exerciam atividades de exploração ilegal de mineiros (diamante), bem como outras 227 casas de compra e venda das pedras preciosas, tendo ainda sido apreendidos 24.624 diamantes, avaliados em 8,95 milhões de dólares (76,5 milhões de euros).

Na terça-feira, as Nações Unidas expressaram preocupação sobre a alegada saída forçada de Angola de, então, mais de 200.000 cidadãos da vizinha RDCongo nas duas últimas semanas, admitindo que a situação pode gerar uma crise humanitária, situação negada já pelas autoridades policiais angolanas.

A agência da ONU para os refugiados salientou que não está claramente apurado de quem partiu a ordem para que os congoleses, trabalhadores na indústria mineira, abandonassem Angola.

A ONU diz que as "expulsões em massa" são "contrárias às obrigações" da Carta Africana e exortou os Governos de Angola e da RDCongo a trabalharem juntos para garantirem um "movimento populacional" seguro.

Elementos das Nações Unidas recolheram alguns relatos de violência em Angola, enquanto agentes de segurança reforçavam a ordem que estabelecia o prazo de 15 de outubro para a saída dos congoleses.

Pouco depois, em reação, o Comandante-Geral da Polícia Nacional angolana, Paulo de Almeida, a partir de Argel, onde se encontra a participar numa reunião oficial, negou as informações sobre alegadas mortes de cidadãos da RDCongo, considerando-as "especulações" que "têm como objetivo travar a operação e ação das autoridades" de Angola.

"Não devemos estar preocupados com essas informações, que têm sempre uma visão de impedir e dificultar aquilo que nós queremos para o bem do país", disse Paulo de Almeida, garantindo que a operação "vai continuar" e que as autoridades mantêm-se "firmes e disciplinadas".

"Todas as situações irregulares, que, de certa forma, podem surgir, nós estaremos sempre presentes para corrigir", garantiu.

Na semana passada, a polícia angolana avisou que quaisquer atos de xenofobia contra cidadãos da RDCongo serão duramente punidos, depois de agressões registadas sexta-feira num mercado de Saurimo, na província da Lunda Sul.

Na sexta-feira, vários cidadãos angolanos, alguns dos quais detidos pela Polícia Nacional, protagonizaram atos de violência contra cidadãos congoleses que comercializavam produtos diversos no Candembe, saqueando diversos bens seus.

A 15 deste mês, o Governo da RDCongo revelou que está a "investigar" o que considera ser "uma expulsão maciça", entre "alegações sérias de acusações de violência".

"As alegações são muito graves. O Governo reagirá oficialmente nos próximos dias", declarou à agência France Press o porta-voz executivo congolês, Lambert Mende, em reação à "Operação Transparência".

Há relatos de expulsões violentas, até mesmo mortes de congoleses, que Angola nega, falando de retornos "voluntários".

A RDCongo e Angola partilham 2.500 quilómetros de fronteira terrestre, a mais longa em África.

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