Os dados foram avançados pelo porta-voz da operação, comissário António Bernardo, num comunicado destinado a fazer o balanço da visita de uma delegação multissetorial dos órgãos de defesa e segurança a vários municípios das sete províncias onde decorrem as ações de fiscalização - Lunda Norte, Lunda Sul, Malanje, Moxico, Bié, Uíge e Zaire.
A operação envolve efetivos da Polícia de Guarda Fronteiras, do Serviço de Investigação Criminal e do Serviço de Migração e Estrangeiros, entre outros órgãos afetos ao Ministério do Interior, e visa pôr cobro a "atos sistemáticos de violação das fronteiras do país e da entrada e exploração ilegal de diamantes".
As autoridades já encerraram 67 cooperativas que exerciam atividades de exploração ilegal de mineiros (diamante), bem como outras 227 casas de compra e venda das pedras preciosas, tendo ainda sido apreendidos 24.624 diamantes, avaliados em 8,95 milhões de dólares (76,5 milhões de euros).
Na terça-feira, as Nações Unidas expressaram preocupação sobre a alegada saída forçada de Angola de, então, mais de 200.000 cidadãos da vizinha RDCongo nas duas últimas semanas, admitindo que a situação pode gerar uma crise humanitária, situação negada já pelas autoridades policiais angolanas.
A agência da ONU para os refugiados salientou que não está claramente apurado de quem partiu a ordem para que os congoleses, trabalhadores na indústria mineira, abandonassem Angola.
A ONU diz que as "expulsões em massa" são "contrárias às obrigações" da Carta Africana e exortou os Governos de Angola e da RDCongo a trabalharem juntos para garantirem um "movimento populacional" seguro.
Elementos das Nações Unidas recolheram alguns relatos de violência em Angola, enquanto agentes de segurança reforçavam a ordem que estabelecia o prazo de 15 de outubro para a saída dos congoleses.
Pouco depois, em reação, o Comandante-Geral da Polícia Nacional angolana, Paulo de Almeida, a partir de Argel, onde se encontra a participar numa reunião oficial, negou as informações sobre alegadas mortes de cidadãos da RDCongo, considerando-as "especulações" que "têm como objetivo travar a operação e ação das autoridades" de Angola.
"Não devemos estar preocupados com essas informações, que têm sempre uma visão de impedir e dificultar aquilo que nós queremos para o bem do país", disse Paulo de Almeida, garantindo que a operação "vai continuar" e que as autoridades mantêm-se "firmes e disciplinadas".
"Todas as situações irregulares, que, de certa forma, podem surgir, nós estaremos sempre presentes para corrigir", garantiu.
Na semana passada, a polícia angolana avisou que quaisquer atos de xenofobia contra cidadãos da RDCongo serão duramente punidos, depois de agressões registadas sexta-feira num mercado de Saurimo, na província da Lunda Sul.
Na sexta-feira, vários cidadãos angolanos, alguns dos quais detidos pela Polícia Nacional, protagonizaram atos de violência contra cidadãos congoleses que comercializavam produtos diversos no Candembe, saqueando diversos bens seus.
A 15 deste mês, o Governo da RDCongo revelou que está a "investigar" o que considera ser "uma expulsão maciça", entre "alegações sérias de acusações de violência".
"As alegações são muito graves. O Governo reagirá oficialmente nos próximos dias", declarou à agência France Press o porta-voz executivo congolês, Lambert Mende, em reação à "Operação Transparência".
Há relatos de expulsões violentas, até mesmo mortes de congoleses, que Angola nega, falando de retornos "voluntários".
A RDCongo e Angola partilham 2.500 quilómetros de fronteira terrestre, a mais longa em África.