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Terça, 16 Outubro 2018 21:11

Comandante da polícia apelida de "especulação" informação de violência a congoleses

O comandante-geral da Polícia Nacional de Angola minimizou hoje as informações sobre alegadas mortes de cidadãos da República Democrática do Congo (RDCongo) no âmbito da "Operação Transparência", que levou já à expulsão de mais de 200.000 congoleses.

Paulo de Almeida, que participa na Argélia na reunião de chefes de polícia do continente, considerou as informações como "especulações", que têm como objetivo "travar" a operação e ação das autoridades angolanas.

"Mas penso que o nosso porta-voz da operação tem dado o ponto da situação e não devemos estar preocupados com essas informações, que têm sempre uma visão de impedir e dificultar aquilo que nós queremos para o bem do país", disse Paulo de Almeida.

Segundo o comandante-geral da Polícia Nacional, a operação vai continuar e as autoridades continuarão "firmes e disciplinadas".

"Todas as situações irregulares, que, de certa forma, podem surgir, nós estaremos sempre presentes para corrigir", garantiu.

As Nações Unidas expressaram hoje preocupação sobre a alegada saída forçada de Angola de cerca de 200.000 cidadãos da vizinha RDCongo nas duas últimas semanas, admitindo que a situação pode gerar uma crise humanitária.

A agência da ONU para os refugiados salientou que não está claramente apurado de quem partiu a ordem para que os congoleses, trabalhadores na indústria mineira abandonassem Angola.

A ONU diz que as expulsões em massa são contrárias às obrigações da Carta Africana e exorta os Governos de Angola e da RDCongo a trabalharem juntos para garantirem um "movimento populacional" seguro.

Elementos das Nações Unidas recolheram alguns relatos de violência em Angola, enquanto agentes de segurança reforçavam a ordem que estabelecia o prazo de 15 de outubro para a saída dos congoleses.

Na segunda-feira, o Governo da RDCongo revelou que está a realizar "investigações" sobre esta expulsão em massa, sob acusações de violência, "alegações sérias", de acordo com Kinshasa.

"As alegações são muito graves. O Governo reagirá oficialmente nos próximos dias", declarou à agência France Press o porta-voz executivo congolês, Lambert Mende, em reação a uma operação contra a imigração clandestina de Luanda, que obrigou os congoleses a deixarem Angola.

Há relatos de expulsões violentas, até mesmo mortes de congoleses, que Angola nega, falando de retornos "voluntários".

A RDCongo e Angola partilham 2.500 quilómetros de fronteira terrestre, a mais longa em África.

Na semana passada, a polícia angolana avisou que quaisquer atos de xenofobia contra cidadãos da RDCongo serão duramente punidos, depois de agressões registadas num mercado de Saurimo, na província da Lunda Sul.

Na sexta-feira, vários cidadãos angolanos, alguns dos quais detidos pela Polícia Nacional, protagonizaram atos de violência contra cidadãos congoleses que comercializavam produtos diversos no Candembe, saqueando diversos bens seus.

O aviso surge numa altura em que está em curso a "Operação Transparência", iniciada a 25 de setembro nas províncias de Malanje, Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico, Bié, Uíge e Zaire, destinada a impedir atos sistemáticos de violação das fronteiras do país e da entrada e exploração ilegal de diamantes.

A operação envolve efetivos da Polícia de Guarda Fronteira, do Serviço de Investigação Criminal e do Serviço de Migração e Estrangeiros, entre outros órgãos afetos ao Ministério do Interior.

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