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Sexta, 17 Agosto 2018 20:42

Angola prepara delegação de alto nível para acompanhar visita de PR à China

Angola, um dos principais parceiros chineses de África, está a preparar uma delegação de alto nível para participar no Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), que decorrerá a 03 e 04 de setembro em Pequim, indicou hoje a China-Lusophone Brief.

Segundo a publicação, a participação de Angola na FOCAC é parte de uma "estratégia sem precedentes" do Governo angolano para elevar a atração de crédito e investimento estrangeiro.

A delegação que vai a Pequim é liderada pelo Presidente angolano, João Lourenço, e marca, paralelamente, o primeiro aniversário da sua eleição (setembro de 2017) e realiza-se após as visitas à África do Sul, França, Bélgica e, mais recentemente, a Estrasburgo, onde discursou no Parlamento Europeu.

Nessa intervenção, lembra a CL-Brief, João Lourenço voltou a focar os esforços de Luanda para tornar o país mais atrativo para o investidor estrangeiro, passando pela via da eliminação dos monopólios, o combate ao nepotismo e à corrupção.

O principal objetivo da deslocação do Presidente angolano a Pequim prende-se com a finalização das conversações com as autoridades chinesas para um novo programa de financiamento, incidindo sobre os projetos e montantes que a China pode prover.

A delegação, segundo a CL-Brief, vai incluir os ministros de Estado do Desenvolvimento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior, das Finanças, Archer Mangueira, e dos Transportes, Ricardo de Abreu, bem como o novo secretário do Presidente da República para os Assuntos Económicos, Alcino da Conceição.

A CL-Brief considera Angola "o mais importante parceiro chinês da África lusófona", desde que, em 2002, Pequim começou a desembolsar importantes fundos para a edificação de infraestruturas e projetos públicos de reconstrução.

Há poucos meses, o prospeto apresentado pelo Estado angolano para a recente emissão de 'eurobonds' de três mil milhões de dólares (2,6 mil milhões de euros) indica que a China é a principal fonte "de várias novas facilidades de crédito" que as autoridades estão a negociar.

Um exemplo é o caso de uma linha de crédito estabelecida com o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, na sigla em inglês) para financiar projetos de infraestruturas avaliados em 11,7 mil milhões de dólares (10,17 mil milhões de euros).

Com base nessa linha de crédito, o Governo angolano está a negociar um outro empréstimo de 1.281,9 milhões de dólares (1,11 mil milhões de euros) para pagar 85% do contrato para os projetos de arquitetura e construção do novo aeroporto internacional de Luanda.

O aeroporto está a ser construído a 30 quilómetros de Luanda por várias empresas chinesas, sendo a China International Fund (CIF) a principal contratada.

Por intermédio do Eximbank, o banco estatal chinês que apoia as importações e exportações do país, Angola também está a negociar um empréstimo para a construção da Marginal da Corimba, em Luanda, por 690,2 milhões de dólares (600 milhões de euros).

Ainda por intermédio do banco estatal chinês, Angola está ainda a negociar 760,4 milhões de dólares (661 milhões de euros) para o transporte de energia a partir da barragem de Luachimo (na Lunda Norte, nordeste), e de 1,1 mil milhões de dólares (956 milhões de euros) para a edificação de uma academia em Porto Amboim (cidade costeira no Cuanza Sul).

A publicação cita dados do Governo a declararem que, entre 2013 e 2017, o valor da dívida angolana para com a China - bilateral e com bancos comerciais - ascendia a 4,7 mil milhões de dólares (4,08 mil milhões de euros), equivalentes a mais de 60% do total da dívida externa angolana.

As autoridades chinesas reúnem elevadas expectativas em relação à FOCAC 2018, onde se espera a participação de numerosos chefes de Estado do continente africano, acompanhados por vastas delegações de cariz empresarial.

À margem da 10.ª Cimeira do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS), em julho, em Joanesburgo, o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, afirmou que a FOCAC 2018 marcará o surgimento de um novo estágio da parceria estratégica sino-africana.

Wang Yi adiantou que a maior parte dos líderes continentais já havia confirmado a participação na cimeira, a primeira desde a realizada na África do Sul, em 2015, que terminou com o anúncio chinês de um pacote de ajuda ao continente no valor de mais de 60 mil milhões de euros.

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