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Quinta, 26 Abril 2018 10:11

Há uma estratégia populista em Angola - Sindika Dokolo

O marido de Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente angolano, diz não temer a lei de repatriamento de capitais em Angola. E espera que mudanças no país não sejam uma "vingança pessoal" do Presidente João Lourenço.

Desde a saída de José Eduardo dos Santos da Presidência da República de Angola, no ano passado, dois dos seus filhos, Isabel e José Filomeno dos Santos, foram afastados dos cargos públicos que desempenhavam: Isabel dos Santos, da direção da petrolífera estatal Sonangol, em novembro, e José Filomeno dos Santos, o "Zenú", do Fundo Soberano, em março deste ano.

Inquéritos visando apurar eventuais desvios de fundos estão a decorrer atualmente. Mas o genro do ex-Presidente angolano, Sindika Dokolo, marido de Isabel dos Santos, em entrevista exclusiva à DW África, recusou-se a falar de "caça às bruxas" e evocou, contudo, o que chama de "uma estratégia política populista".

"Penso que são sinais fortes que talvez faça parte de uma vontade de levar a cabo uma estratégia política um pouco mais populista. Atualmente está em discussão uma lei que já fez correr muita tinta, que é a lei sobre o repatriamento de dinheiros ilegais. Eu e a minha esposa somos homem e mulher de negócios, portanto as nossas atividades a nível internacional não entram no quadro desta lei", afirma Dokolo.

O empresário Sindika Dokolo não teme que um dia seja também ouvido pela Justiça angolana. Ele diz que "se for necessário justificar tais ou tais atos, evidentemente apresentarei os meus argumentos. Mas particularmente não tenho nada a temer".

"Vingança pessoal"

O marido da mulher mais rica de África acredita que "é legítimo que o novo poder tente mostrar as suas grandes opções políticas e filosóficas, rever como as coisas eram feitas, nomeadamente questões das relações familiares, questões de negócios, assuntos que têm a ver com a gestão da coisa pública, com as empresas públicas, tudo isso é perfeitamente legítimo".

No entanto, Sindica Dokolo espera que todas essas mudanças em Angola, iniciadas pelo Presidente João Lourenço, "não se limitem a uma vingança pessoal contra o seu antecessor que cedeu as chaves do poder sem discussões e contrapartidas".

Sem falar em "caça às bruxas", e referindo-se às investigações sobre a administração da sua esposa na petrolífera Sonangol, o empresário também espera que o mesmo rigor seja também aplicado a todos aqueles que terão participado no naufrágio efetivo da petrolífera e de muitas outras empresas públicas, "assim como da gestão das finanças públicas nos dez ou 20 últimos anos em Angola".

Entretanto, numa das recentes edições da revista "Jeune Afrique", Sindica Dokolo, que para além de empresário é colecionador de arte, lembra que há limites à atuação do Presidente João Lourenço, tendo afirmado que "o país dispõe de instituições fortes e, por isso, confia no trabalho que fará a Justiça". DW Africa

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