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Terça, 27 Fevereiro 2018 12:40

Dr Savimbi: o teatro de um tirano revelado numa dimensão heróica

Dr Savimbi fizera de Angola num trágico espaço revelado como a trincheira firme de balas e canhões. Dr Savimbi, via no seu acolhimento a expressão do apreço pela luta do Partido UNITA em prol de assassinato de milhares de angolanos, em prol de tortura de milhares de crianças, em prol do implante no espaço angolano de milhares de famílias órfãs de guerra, facto este desenvolvido durante dezenas de anos em matas fechadas onde instituíra uma tirania fascista da qual desembocava para o País fora.

Por João Henrique Rodilson Hungulo

Nele vê – se a expressão da confiança dos militares das extintas FALAS e dos seus políticos no papel que o Partido UNITA desempenhava nas matas no domínio da tirania, do assassinato de milhares de angolanos, da guerra, do destruir consequente de tudo quanto era estrutura arquitectónica no País, no apoio radical ao regime racista de África do Sul, culminando com a transformação de Angola na trincheira fundamental das lutas pluripotentes de Nações beligerantes, nunca à favor dos interesses sociais e económicos da nossa pátria Angola.

Dr Savimbi exigia que se reforçasse a acção diária a unidade da classe militar, a definição da força militar como — força motora das grandes invasões em guerrilha; que se alargue e reforce na acção diária a unidade de todos os combatentes e seguidores da UNITA e se desenvolva impetuosamente a sua força organizada; que se reforce a aliança externa, a cooperação, a solidariedade recíproca entre as massas populares e os oficiais militares, sargentos, soldados e comandos de guerra de sentimentos tiranos e frios, nunca poupada a vida de nenhuma força inimiga, visando matar todo povo que estivesse presente em zonas ocupadas pelo MPLA.

Para Dr Savimbi, a tortura e a morte, eram na situação específica ontem existente, uma condição essencial para a punição contra qualquer espécie de crime cometido contra si e o seu partido, em certas circunstâncias, bastava ser simplesmente indicado como aliado Pró – MPLA, ou oriundo de zonas ocupadas pelas FAPLAS, era mais que suficiente para ser citado como traidor susceptível a morte surda e dolorosa.

Dr Savimbi, transformara Jamba num palco de torturas, prisões nas severas condições de clandestinidade, matanças escarpadas. Todos aqueles lutadores destemidos que consagraram os seus esforços, as suas energias, à luta a favor da UNITA, à causa de Savimbi, depois de terem cometido erro de qualquer natureza, o seu destino teve apenas um preço: a tortura e a morte.

Muitos de seus seguidores e soldados ficaram pelo caminho, lutaram a vida inteira, mas não viram o sol da esperança, porque muitos foram assassinados e torturas amargamante pelo seu próprio líder Savimbi, que fazia do tiro odioso a única palmatória para o erro de seu próprio povo.

A Jamba que Dr Savimbi forjou em meio aos sertões distantes e inóspitos, nas chamadas terras do fim do mundo, lá onde a felicidade perdeu o seu rosto, era surpreendentemente peculiar, caracterizada por uma tirania maldita e malvada, sanguinária e letal, lá onde o perdão tornou – se moribundo e errar era sinal de praga e morte, o povo queimado, militares assassinados, políticos assassinado e torturado, qualquer descrição de um atentado à fé do Rei Savimbi, nos termos da bruxaria ou feitiçaria, merecia a carbonização do réu.  

As formações políticas relativas ao robustecimento da UNITA, tão fortemente invocadas pelos seus Generais, para legitimar a sua tirania encerravam  uma ambiguidade inquietante. Os seus seguidores, eram forçados a prestarem a afirmação da fidelidade à coroa da UNITA, transmudando – se no assassinato e na tortura do povo angolano, e a instauração da autoridade tirana e nefasta numa região dominada pela UNITA, sem deixar de adquirir uma interpretação explosiva da liberdade do povo, impregnando o imaginário liberal do povo.

Dr Savimbi com seus péssimos conselheiros, acusavam a paz de ser frágil e inoperante, incapaz de resistir naqueles termos por muito tempo, no entanto, seu alargado sonho de chegar ao poder encontrava na guerra o único mecanismo para o alcance da vitória. Todavia, sacrificava vidas, muitas torturadas, outras assassinadas, de forma desnecessária e tirana.

Para além das evidências inequívocas da imagem negativa que Dr Savimbi tinha da paz em Angola, existe ainda o precioso relato egoísta e egocêntrico do seu âmago, que o acompanhou ao longo de toda jornada enquanto líder, que se transformara na única força pensante de direcção do seu povo, colocando refém de tortura e morte qualquer um que pensasse diferente ou tendesse o contrariá - lo.

Se qualquer político ou militar do seu cerne, contrariasse frontalmente as suas ordens, adaptando – se a conjuntura crítica, seria vítima de prisões, torturas e finalmente morte. Esse fenómeno de tirania fora adoptado na tentativa de torná – lo num deus susceptível de admiração, temor e adoração pelo seu povo.

A memória da Morte de Tito Chingunji, Wilson dos Santos, a perseguição sem tréguas de toda a estirpe de Tito Chingunji e de Wilson dos Santos, assim como a morte cruel do General Bock, que sacrificou a sua mocidade toda em prol da UNITA, a morte do General Antero e de tantos outros militares de elite, são na verdade revelações fortes e penosas.

Savimbi, é hoje a marca de um heroísmo sem sabor, cru e nauseabundo, porque heróis não matam, não torturam, salvam, mas este, é a verdadeira imagem da tirania e da tortura, que fazia imperar o ódio e a matança, numa espécie de estado de natureza em que este vivia sob signo da morte como expressão mais alta das suas paixões satânicas e arrojadas.

Das estrofes da angústia e da decessa, está a imagem que migrou em todas as regiões históricas devastadas pela UNITA, e se impôs definitivamente na interpretação sobre a conjuntura política do governo Savimbista, formulado nos termos de uma disputa implacável pelo poder em Angola, que o fizera vítima de seu pundonor aos 22 de Fevereiro de 2002.

Bem - haja!

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