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Sábado, 25 Novembro 2017 09:50

E não se pode exonerá-los?

Há sinais e bons, em minha opinião, sobre uma maior integração de Angola na SADC, acrónimo inglês de Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral.

Por Carlos Rosado de Carvalho

Depois da Namíbia, os angolanos vão poder viajar para a África do Sul e Moçambique sem necessitar de visto.

A livre circulação de pessoas é uma das quatro liberdades indispensáveis à integração económica entre países, a par da livre circulação de mercadorias, de serviços e de capitais.

O anúncio da supressão de vistos com mais dois países da SADC coincide com a primeira viagem oficial do Presidente da República (PR) João Lourenço. E qual o país que o PR escolheu para a sua primeira visita? A África do Sul, que é nem mais nem menos a maior economia da comunidade austral e a mais referida pelo lobby proteccionista nacional na sua luta sem quartel contra a adesão à zona de comércio livre da organização.

O lobby argumenta que a invasão de bens e serviços sul africanos pode matar à nascença o sector produtivo angolano que ensaia os primeiros passos. E até tem o respaldo da teoria económica que admite a protecção das indústrias nascentes.

Até agora, o lobby tem levado a sua avante. Angola está na linha da frente do proteccionismo. Pelo menos, é isso que se pode concluir dos sucessivos recuos de Luanda relativamente às datas avançadas para adesão à zona de comércio livre da SADC.

Ganham os proteccionistas, perde o País. As experiências de integração revelam que os benefícios do comércio livre superam largamente os custos.

O comércio de bens e serviços proporciona aos consumidores domésticos uma maior variedade de bens e serviços, com melhor qualidade e a um preço mais baixo.

A eficiência económica também melhora já que a concorrência obriga as empresas a produzir a custo mais baixo, reduzindo o desperdício de recursos escassos.

A supressão dos vistos com Moçambique e a África do Sul e a escolha deste país como primeira visita oficial do PR fazem-me acreditar que os proteccionistas angolanos já tiveram melhores dias. Agora só falta João Lourenço exonerá-los de vez e nomear uma data para adesão à zona de comércio livre da SADC.

Ao comprometer-se com a zona de comércio livre, Angola também marca pontos a nível político. Um País com ambições de liderança numa organização regional, no caso a SADC, não pode, simultaneamente, ser o principal entrave ao principal instrumento que essa organização tem para atingir os objectivos a que se propôs: a integração regional.

Expansão

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