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Terça, 21 Novembro 2017 15:52

Histórico do MPLA, Ambrósio Lukoki apela à saída de Eduardo dos Santos da liderança do partido

Antigo membro do MPLA acredita que demissão de José Eduardo dos Santos é a melhor decisão, "pela credibilidade republicana, ética e moral"

O histórico militante do MPLA e ex-membro do comité central Ambrósio Lukoki apelou hoje à saída de José Eduardo dos Santos da presidência do partido, considerando que as decisões do novo chefe de Estado, João Lourenço, "reanimam a esperança".

Antigo embaixador, ministro e membro, durante 40 anos, até 2016, do comité central do partido que governa Angola desde 1975, Ambrósio Lukoki convocou hoje a imprensa, em Luanda, para apelar à saída do ex-chefe de Estado.

Pela credibilidade republicana, ética e moral, convém José Eduardo dos Santos demitir-se de imediato do posto de presidente do partido MPLA

Lukoki disse que José Eduardo dos Santos fez um jogo perigoso e escondeu-se por detrás do partido dos camaradas e tem estado a travar a máquina do MPLA.

Aquele antigo dirigente histórico do MPLA defende que José Eduardo deve ser responsabilizado criminalmente.

"Se tivermos uma justiça com cabeça, tronco e membros vamos chegar lá", sublinhou.

Desde que tomou posse, a 26 de setembro, na sequência das eleições gerais angolanas de 23 de agosto, João Lourenço procedeu a exonerações de várias administrações de empresas estatais, dos setores de diamantes, minerais, petróleos, comunicação social, banca comercial pública e Banco Nacional de Angola, anteriormente nomeadas por José Eduardo dos Santos.

A exoneração de Isabel dos Santos, filha do ex-chefe de Estado, do cargo de presidente do conselho de administração da petrolífera estatal Sonangol, aconteceu na quarta-feira passada e foi a decisão mais mediática, seguindo-se a polícia e as chefias militares.

José Eduardo dos Santos anunciou em 2016 que pretendia abandonar a vida política em 2018, mas nesse mesmo ano recandidatou-se, de novo, à liderança do MPLA, renovando o mandato de cinco anos
 
"Neste momento, as principiais iniciativas de João Lourenço, Presidente da República de Angola, acolhem os bons sentimentos dos militantes de base do partido MPLA, reanimando a sua esperança na reviravolta dos recuos que se têm sucedido nas eleições", afirma, por seu turno, Ambrósio Lukoki.

Crítico de José Eduardo dos Santos, o que o levou a pedir a retirada do nome da lista candidata ao comité central no congresso de 2016, Lukoki vai ainda mais longe, assumindo que é necessário "acabar com [o] 'José Eduardismo' para sempre".

"O 'José Eduardismo' é o tal reinado com absolutismo de quase 40 anos, é a tal tomada de refém do povo angolano, é o tal regime de corrupção objeta, que como regime profundamente corrompido, corrompe cada vez mais e espalha a corrupção aos bajuladores, assim como a prática do nepotismo, a tal falta de respeito ao povo e cinicamente considera o povo angolano de idiota", acusa ainda o histórico do MPLA.

Ainda na última reunião ordinária do comité central do partido, realizada a 23 de outubro, José Eduardo dos Santos viu o partido aprovar-lhe uma declaração de apoio.

Desde o congresso do partido, em agosto de 2016, que João Lourenço assumiu a vice-presidência do MPLA, mas, além da não recandidatura ao cargo de chefe de Estado, nas eleições gerais deste ano, José Eduardo dos Santos nunca chegou a esclarecer os moldes que pretendia deixa a vida política.

"O partido MPLA dá a impressão de não ter projetos concretizáveis para além das suas pretensões ou ambições desconectadas da situação de Angola em renovação. Se a refundação significa somente uma preservação, então, para o partido MPLA, vira o tempo de evaporação", alertou ainda Ambrósio Lukoki.

Para o nacionalista e histórico do MPLA, o partido necessita de uma "estratégia bem articulada", um candidato presidenciável "e sobretudo um líder na capacidade de o encarnar".

"Pelo que é muito imperioso ao nível do partido MPLA legitimar e legalizar o Presidente João Lourenço na plenitude do seu voto citadino que mereceu da parte do eleitorado do povo angolano soberano", concluiu.

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