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Quinta, 16 Novembro 2017 14:28

João Lourenço manda Sonangol construir refinaria depois de Isabel dos Santos ter suspendido projeto

O Presidente angolano avisou hoje a nova administração da Sonangol que é necessário construir uma refinaria em Angola, para reduzir as importações de combustíveis, depois da suspensão do projeto para o Lobito pela direção de Isabel dos Santos.

A posição foi transmitida por João Lourenço durante a cerimónia de posse do novo secretário de Estado dos Petróleos, Paulino Jerónimo, e da administração da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), que passa a ser liderada por Carlos Saturnino, após a exoneração de Isabel dos Santos, na quarta-feira.

Embora sem se referir diretamente à construção de uma refinaria no Lobito, projeto estatal que a Sonangol suspendeu depois da entrada de Isabel dos Santos para a petrolífera, em junho de 2016, o chefe de Estado afirmou que "tão logo quanto o possível" o país deve "poder contar com uma ou mais refinarias".

"Não faz sentido que um país produtor de petróleo, com os níveis de produção que tem hoje e que teve no passado, continue a viver quase que exclusivamente da importação dos produtos refinados", apontou.

Angola é atualmente o segundo maior produtor de petróleo em África e garante mais de 1,6 milhões de barris de crude por dia e para João Lourenço as possibilidades de construção de refinarias pelo Estado ou em parceria com privados "devem ficar em aberto".

"O que pretendemos é que o país tenha refinaria, ou refinarias, para que a atual fase que vivemos, de importação de derivados do petróleo, seja atirada para o passado. Eu sei que é possível e que podemos no próximo ano, em 2018, se trabalharem bem e rápido, dar pelo menos início à construção de uma refinaria para Angola", exortou.

Atualmente, a Sonangol mantém em operação a refinaria de Luanda, com 62 anos de atividade e uma capacidade nominal instalada de 65.000 barris por dia.

A taxa média de utilização dessa capacidade instalada foi de 83% em 2016, ainda assim um incremento de 1,5% face ao ano anterior, segundo informação anterior da concessionária estatal.

Angola importa mensalmente cerca de 150 milhões de euros em combustíveis refinados, fornecimento que está a ser dificultado pela falta de divisas, atrasando pagamentos por parte da Sonangol, que reconheceu igualmente produzir apenas 20% do consumo total de produtos refinados.

A Lusa noticiou em julho que a construção da refinaria do Lobito, na província de Benguela, vai continuar parada em 2017, e que não era prioritária para a Sonangol, devido à quebra do preço do petróleo no mercado internacional.

O anúncio era da própria administração da Sonangol, no seu relatório e contas de 2016, divulgado na altura, e surgia depois da suspensão do projeto, em junho do ano passado.

"Para o ano em curso, não foi orçamentado no programa de investimentos o projeto de construção da refinaria de Lobito, tendo sido suspenso para a reavaliação da visão estratégica e da viabilidade económica. No entanto, tem-se envidado esforços no sentido de promover o projeto no mercado internacional, visando a captação de fundos ou parceiros", apontava a Sonangol, no mesmo documento.

A petrolífera detida pelo Estado angolano justificou a suspensão e reavaliação desta obra com "o atual contexto de quebra do preço de petróleo", apesar do valor investido.

"Adicionalmente, os trabalhos encontram-se paralisados desde o mês de abril, tendo sido executadas apenas atividades de manutenção em equipamentos mecânicos, incluindo atividades de limpeza nas trituradoras", reconhecia ainda a concessionária do setor petrolífero angolano.

O então vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente, colocou, em dezembro de 2012, a primeira pedra da futura refinaria do Lobito, que previa então processar diariamente cerca de 200 mil barris de crude, criando 10 mil postos de trabalho diretos e indiretos.

Fica localizada no morro da Quileva, a 10 quilómetros da cidade do Lobito, numa área de 3.805 hectares, num investimento superior a 5.000 milhões de euros.

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