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Domingo, 21 Mai 2017 20:52

Joana Lina vai substituir Nandó na Assembleia Nacional na próxima legislatura

Presidente José Eduardo dos Santos queria Carlos Feijó como “número dois” da lista do partido. Reajuste na lista proposta pelo PR na recente reunião extraordinária do Comité Central, reserva várias surpresas.

As alterações pontuais da lista do MPLA para as eleições gerais de 2017, autorizadas recentemente em sessão extraordinária do Comité Central inserem-se num movimento mais vasto de gestão do processo de sucessão do Presidente José Eduardo Santos.

A decisão do CC, depois da revisão de regulamentos internos, tornou formalmente possível a alteração da ordem de precedências nas listas. O “eventual reposicionamento dos candidatos” foi justificado pelo próprio JES como necessário para acautelar “factores imponderáveis”, como a desistência de uma das candidaturas, mas também tendo em vista o objectivo de obter uma “vitória expressiva” nas eleições.

A necessidade de evitar “ruído” do CC na recomposição das listas, ditou que o processo fosse levado primeiro a este órgão e só depois ao Bureau Político (BP). Habitualmente, as decisões tomadas ao nível do BP são sujeitas a posterior validação do CC, como na formalização dos cabeças-de-lista eleitorais do partido.

Entre os candidatos apontados com popularidade mais baixa a nível local estão os governadores de Cabinda, Aldina da Lomba e da Huíla, João Marcelino Tyipinge . No pólo oposto, apontado como em ascendente a nível interno devido à visibilidade alcançada pelo partido na província, está o governador do Huambo, João Baptista Kussumua.

Na lista aprovada pelo CC, figuram abaixo de João Lourenço (JL), cabeça de lista e candidato a presidente, e de Bornito de Sousa (BS), os nomes de António Paulo Kassoma, Luzia Inglês, Roberto de Almeida, Joana Lina, Pitra Neto, Dino Matrosse, Ana Dias Lourenço e Maria Odete Tavares.

Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó” , actual presidente da Assembleia Nacional, surge apenas na 11ª posição. O actual líder da bancada parlamentar, Virgílio Fontes Pereira,

fica na 19ª posição. Manuel Vicente entra, em lugar elegível, na 24º posição, antes de Carlos Feijó ( 27º ), apesar de ser esperado que não venham a assumir o lugar de deputado.

No âmbito de um processo mais vasto de reconfiguração do regime depois da saída de JES, fontes do partido admitem que a alteração de precedências sirva também para afirmação de um “terceiro homem” , entre João Lourenço e Bornito de Sousa, cujos poderes como vice-presidente são reduzidos. A esta nova figura é atribuído o potencial de assumir, no âmbito de uma próxima revisão constitucional, de pendor semi-presidencialista, o papel de chefe do governo. António Paulo Kassoma, Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó” e Pitra Neto, os dois últimos em posições modestas dado o seu peso partidário e na governação (foi vice-presidente do partido) – são apontados como os principais candidatos à posição de primeiro-ministro, num cenário pós-eleitoral de vitória do MPLA . Entre estes, Pitra Neto é apontado como o preferido de José Eduardo dos Santos para a posição, nomeadamente por:

– Perfil tecnocrático e culto pela discrição – “a sombra não brilha” é uma as frases que gosta de citar;

– Máxima confiança de JES;

– Experiência governativa longa, nos últimos anos à frente de um dos principais ministérios – Administração Pública, Trabalho e Segurança Social; contraponto a menor experiência governativa de JL e BS, figuras de maior peso dentro do partido;

– Boa aceitação dentro do partido e meios intelectuais/ comunicação social; geralmente reconhecido o seu trato diplomático/ afável;

– Papéis de relevo público assumidos, nomeadamente a coordenação da Comissão Interministerial para a Implementação do Plano Nacional de Formação de Quadros, incluindo a participação em cerimónias públicas relacionadas com o mesmo, e o Estudo Sobre População e Administração Pública , apresentado no início do ano;

– Falta de sintonia entre JL e “Nandó”, que não terá aceite bem o facto de não estar entre os cabeças-de-lista do partido.

– “Sinal” negativo de JES ao relegar “Nandó” para posição inferior na lista; perspectivas de que venha a ser substituído por Joana Lina no cargo de presidente da Assembleia.

O jurista Carlos Feijó (CF) é apontado como peça fundamental para a redefinição do aparelho de governação, pelo seu papel central na elaboração da constituição de 2010, e pela

credibilidade e estima pessoal que JES lhe confere. É, aliás, das poucas pessoas com quem JES despacha pessoalmente e não através dos chefes da Casa Civil ou de Segurança – privilégio não concedido mesmo a alguns ministros.

Fonte do partido adianta que, dos encontros de JES com Carlos Feijó, terá resultado que o jurista esteja a efectuar estudos preparatórios para uma nova revisão da Constituição, dado terem passado mais de 5 anos desde a aprovação da anterior. 

AM

 

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