A posição surge na sequência do resultado de um inquérito do Ministério do Interior apresentado segunda-feira, em Luanda, sobre um incidente ocorrido na localidade de Cambundo, comuna de Capupa, município do Cubal, província de Benguela, no mês passado, que envolveu uma delegação parlamentar da UNITA e militantes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, que terminou com três mortos e seis feridos.
Em conferência de imprensa, o líder da bancada parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, levantou várias questões sobre o inquérito, entre as quais "a quem o Ministério do Interior está a querer proteger".
O inquérito responsabilizou militantes da UNITA pelos incidentes mortais, ao realizarem disparos de armas de fogo, "retiradas indevidamente" à polícia.
Na base dos tumultos, concluiu ainda o referido inquérito, esteve a retirada de duas bandeiras do MPLA, que a UNITA alega que estavam colocadas na residência de um militante do partido.
Adalberto da Costa Júnior manifestou indignação pelo facto de terem sido remetidos à Procuradoria-Geral da República "um processo-crime aos autores dos disparos que causaram a morte de dois cidadãos e nada remeteram contra quem atacou deputados e provocou a morte de outro cidadão".
"Desculpem, senhores jornalistas, será que os senhores ontem ouviram a intenção de responsabilizar alguém que atentou contra a outra vida perdida? Terá esta vida menos valor? Terão aquelas mais valor por serem militantes do partido no poder?", questionou o dirigente da UNITA.
O líder da bancada parlamentar da UNITA disse que com o resultado do inquérito apresentado, "ficou claro que o Ministério do Interior autoriza assassinar cidadãos quando em causa está a retirada de bandeiras".
"Autoriza atacar deputados e desprotegê-los quando os atacantes são numerosos! Não há qualquer responsabilização contra estes factos, que constituem crime", lamentou.
A UNITA considera que o Ministério do Interior "alterou intencionalmente toda a dinâmica dos factos", lançando o apelo para que se ponha fim à "impunidade e levem aos tribunais os inúmeros autores de vários crimes naquela região".
Para o maior partido da oposição angolana, "a proteção aos criminosos é um forte incentivo à realização de novos crimes".
"Foram estas as conclusões desta extraordinária e incompetente comissão de inquérito! Tristes conclusões que atentam contra a nossa Constituição e ferem a mais elementar regra da decência", criticou o dirigente.
A UNITA denunciou anteriormente que na origem do caso estiveram elementos alegadamente afetos ao MPLA, dizendo por isso ter-se tratado de um caso de intolerância política.
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